Comitê Popular entrega dossiê de impactos da Copa à prefeitura de Porto Alegre

Integrantes dos comitês populares do Cristal e do Morro Santa Teresa estiveram
na tarde desta segunda-feira (12/12) na prefeitura para entregar o dossiê
Megaeventos e Violações de Direitos Humanos no Brasil. O documento
foi organizado pela Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa
e contém denúncias de desrespeito ao direito à moradia, aos direitos humanos,
de infrações contra o meio ambiente e de trabalho precário nas obras da
Copa do Mundo de 2014 nas 12 cidades-sede brasileiras. Especialistas e
professores, entre eles Carlos Vainer, do IPPUR/UFRJ, também contribuíram
ao levantamento.


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para ver mais fotos do ato.

O ato foi repetido ao longo do dia por comitês populares das capitais
que sediarão o evento. Em Porto Alegre, a comissão de moradores e integrantes
do comitê gaúcho se reuniram em frente à prefeitura por volta das 16h30min.
Um grupo de cerca de dez seguranças da guarda municipal praticamente fechou
a porta do prédio, enquanto um assessor atendia os manifestantes.

O Secretário de Coordenação Política e Governança Local,
Cezar Busatto, apareceu logo depois na porta da prefeitura para conversar
com o comitê popular. Ele recebeu uma cópia do dossiê e ouviu as reclamações
dos moradores do bairro Cristal, que serão afetados pela duplicação da
Avenida Tronco (obra considerada prioritária para a Copa), e do Morro Santa
Teresa, que lutam pela regularização e urbanização da área. Os integrantes
do comitê também citaram outras comunidades afetadas pelo evento, como
as milhares de famílias da Vila Dique (devido à ampliação da pista do aeroporto)
que foram realocadas para um loteamento sem escola, creche e um galpão
de reciclagem pequeno


(VEJA AQUI)
e as famílias da Ocupação 20 de Novembro
e das Docas (ao lado do Estádio Beira-Rio), que não têm moradia garantida.

O comitê gaúcho reivindicou que moradores de todas as comunidades atingidas
pela Copa do Mundo tenham participação na SECOPA (secretaria especial da
prefeitura que está tratando do evento). Também pediram que as famílias
das Docas sejam recebidas pela prefeitura para tratar da moradia. Cezar
Busatto disse para o comitê marcar uma audiência com ele a fim de tratar
das questões.
Será Porto Alegre a cidade da democracia? No final da conversa
com a prefeitura, integrantes do comitê popular colocaram restos de caliça
de construção e uma placa O legado da Copa em frente à prefeitura. O
ato simbólico foi realizado em diversas outras capitais para alertar os
impactos do evento nas cidades, em especial nas periferias.

No entanto a prefeitura de Porto Alegre, aclamada como a cidade da democracia
por seus governantes, não recebeu nada bem as críticas. Integrantes da
guarda municipal tentaram impedir o protesto simbólico e, ainda, correram
atrás de dois integrantes do comitê popular, que foram coagidos e trazidos
para junto do secretário Busatto. Após muita discussão, a guarda municipal
cedeu. O secretário Busatto ainda exigiu que o comitê tirasse a caliça
de frente da prefeitura em meia hora e, depois, estendeu o prazo para até
às 18h. No entanto, não deu prazo nenhum para a construção das casas das
1.400 famílias a serem removidas no entorno da Avenida Tronco ou para a
instalação de uma creche na nova Vila Dique.
A truculência usada pela prefeitura para impedir o protesto é a mesma
com a qual vem tratando os assuntos da Copa do Mundo junto às comunidades.
Irá continuar assim?

Fonte: Comitê Popular da Copa de Porto Alegre

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