Cadastro para remoção de favela começa na quarta-feira

Diego Barreto

Rio de Janeiro, 16 de outubro de 2011

Moradores que serão removidos da favela Vila Autódromo, em Jacarepaguá,
começam a ser cadastrados na próxima quarta-feira pela Secretaria municipal
de Habitação e pela Subprefeitura da Barra e Jacarepaguá. Conforme O GLOBO
antecipou no último dia 4, a remoção ocorrerá porque a favela está na região
de influência do projeto do Parque Olímpico que será erguido no Autódromo
Nelson Piquet. O parque concentrará 15 modalidades dos Jogos Olímpicos
de 2016.

Na manhã de domingo, o secretário municipal de Habitação, Jorge Bittar,
apresentou aos moradores da favela o projeto do Residencial Parque Carioca,
localizado a cerca de um quilômetro da favela. Com recursos do programa
“Minha Casa Minha Vida”, do governo federal, o conjunto habitacional deverá
ser concluído para o reasssentamento das famílias até 2013.

Bittar afirmou que nenhum morador será removido da favela antes da entrega
dos 920 apartamentos do conjunto, cujo terreno fica na Estrada dos Bandeirantes,
em Jacarepaguá. O secretário previu que a construção comece no início do
próximo ano.

– Nenhuma família sairá da Vila Autódromo antes de os apartamentos estarem
prontos. O projeto está na fase de licenciamento. Nossa expectativa é que
as obras estejam concluídas em cerca de um ano e meio. Hoje (ontem), nosso
objetivo era esclarecer a comunidade sobre o processo de reassentamento
– disse Bittar, depois da reunião com os moradores, na qual membros de
movimentos sociais protestaram contra as remoções, empunhando faixas e
cartões vermelhos.

As opiniões de quem vive na comunidade divergem sobre a desocupação. O
presidente da Associação de Moradores e Pescadores da Vila Autódromo, Altair
Guimarães, defendeu a permanência das famílias ali.

– São cerca de 900 casas e, pelo menos, três mil moradores. A maioria
não quer sair. A comunidade tem 40 anos, muitos nasceram e cresceram aqui.
Não se trata simplesmente de reassentar. As pessoas construíram suas vidas,
têm laços afetivos com o lugar – criticou Altair, que, antes de chegar
à comunidade, já foi removido de outras duas. – Será a terceira vez em
que vou ter de sair da minha casa. A primeira foi anos atrás, na Lagoa.
Depois fui removido da Cidade de Deus, durante a construção da Linha Amarela.
Agora tudo se repete.

O terreno onde será construído o Residencial Parque Carioca tem 85 mil
metros quadrados. De acordo com o projeto da prefeitura, a área abrigará
edifícios de cinco andares, com apartamentos de dois ou três quartos. Além
dos prédios, o local será dotado de equipamentos de lazer, escola e uma
área de preservação ambiental.

Fonte:
Extra

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