Dinheiro dos estádios resolveria coleta de esgoto em metade das sedes

Segundo instituto, R$ 6,1 bi das arenas da Copa levariam saneamento para 8,1 mi de pessoas

Rafael Massimino

São Paulo, 28 de julho de 2011

O dinheiro público que será gasto nos estádios da Copa seria suficiente para zerar o déficit de coleta de esgoto em pelo menos seis das doze cidades-sede do Mundial.

Levantamento elaborado pelo Instituto Trata Brasil aponta que Belo Horizonte, Brasília, Cuiabá, Natal, Salvador e Rio de Janeiro teriam condições de universalizar o acesso à coleta com o dinheiro que será usado nos estádios.

Além disso, outras três sedes que receberão o evento da Fifa, e colocarão dinheiro do orçamento para erguer suas arenas, poderiam melhorar consideravelmente o acesso à coleta se empregassem os recursos em saneamento básico. Fortaleza, Recife e São Paulo reduziriam para 29%, 17% e 6%, respectivamente, a porcentagem de habitantes sem acesso ao sistema.

Em números absolutos, os R$ 6,1 bilhões das arenas seriam suficientes para levar redes de coleta a 8,1 milhões de pessoas –o equivalente à população de Belo Horizonte, Brasília, Cuiabá e Salvador somadas.

Quando se trata do sistema completo, com dutos para captação e estações de tratamento, aproximadamente 6,1 milhões poderiam ser atendidos com o montante a ser destinado às 12 arenas do Mundial.

Para o presidente do Instituto Trata Brasil, Édison Carlos, os investimentos em saneamento básico não podem ser ignorados na preparação para a Copa. “Não dá para imaginar a pessoa saindo de um belo estádio e pisando na primeira vala de esgoto”, afirma o especialista, que na última segunda-feira estreou no Portal 2014 o blog “Desafios do Saneamento em Metrópoles da Copa 2014” (confira).

“Várias cidades-sede têm problemas crônicos de saneamento: Cuiabá, Manaus, Natal; também o entorno do Rio de Janeiro, de Porto Alegre, para citar só algumas. Inúmeras cidades precisam receber investimentos.”

Ranking
Entre os 10 estados que colocarão recursos públicos nas arenas da Copa, apenas o Amazonas não conseguiria avançar significativamente em saneamento. Manaus é a última da lista em coleta de esgoto, com apenas 11% da população atendida. Os R$ 500 milhões que serão gastos com o estádio do Mundial elevariam o percentual para 48%.

Natal e Cuiabá, que coletam o esgoto de 31% e 39% de suas populações, respectivamente, também figuram na base da lista. Mas, ao contrário de Manaus, poderiam zerar o déficit se destinassem ao setor os cerca de R$ 400 milhões que gastarão com seus estádios.

No Rio de Janeiro, cidade que receberá a final da Copa, menos da metade do esgoto coletado recebe tratamento, de acordo com o Trata Brasil. A segunda maior metrópole brasileira é a oitava pior em saneamento entre as sedes da Copa.

Com o cerca de R$ 1 bilhão que será gasto na reconstrução do Maracanã, 1,1 milhão de pessoas poderiam ser atendidas com redes de coleta, o equivalente a 17,4% da população da capital fluminense.

Curitiba e Porto Alegre ficaram fora do levantamento por, até o momento, preverem apenas recursos privados nos estádios da Copa.

Déficit

O Trata Brasil estima que apenas 50,6% da população urbana brasileira é atendida por redes de esgoto. O volume tratado é ainda menor, ficando em 34,6%.

O levantamento considera as 81 cidades do país com mais de 300 mil habitantes, envolvendo um universo de 72 milhões de pessoas. No total, essa população gera todos os dias 9,3 bilhões de litros de esgoto, dos quais apenas 3,4 bilhões são tratados. A base de dados foi extraída do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (Snis), divulgado anualmente pelo Ministério das Cidades.

Acesse o estudo do Instituto Trata Brasil sobre saneamento básico.

Fonte: Portal 2014

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