Moradores de Ribeirão Pires afetados pelo Rodoanel Leste protestam por descaso de autoridades

Valderez Coimbra

21 de abril de 2011

Nem Dersa, nem governo do Estado. Como vem acontecendo em outras regiões afetadas pelo Rodoanel Mário Covas, o silêncio tem sido a postura adotada pelas autoridades e técnicos responsáveis pelo projeto diante das manifestações feitas por moradores de Ribeirão Pires que podem ter suas propriedades atingidas pelas obras.

Na noite desta terça-feira (19/08), os moradores que compareceram à capelinha da Vila Belmiro esperavam ansiosamente por representantes do projeto para explicações sobre o traçado, possíveis desapropriações e detalhes sobre as obras acabaram frustrados, pois ninguém compareceu.

O secretário adjunto de Habitação de Ribeirão Pires, Edson Rodrigues e Daniela Dognoli representaram o secretário de Planejamento, Habitação e Meio Ambiente, Temístocles Cristófaro, afirmaram que a pasta convidou oficialmente a Dersa para comparecer ao evento. Porém, segundo eles, a empresa sequer forneceu informações mais precisas sobre as obras que estão prestes a começar, nem sobre o processo de desapropriação de propriedades. A empresa limitou-se a encaminhar um mapa do provável traçado da rodovia.

O professor Élio de Oliveira, morador do Parque Aliança salientou as consequências ambientais e sociais do rodoanel, como já aconteceu nos trechos Oeste e Sul, onde a obra já foi concluída. Ele lembrou que os impactos vão além do traçado, incluindo canteiros de obras e área de bota-fora, itens que, além das propriedades atingidas, também devem ser esclarecidos pelos responsáveis pela obra. E citou o caso do Jardim Primavera, na divisa com Mauá, onde uma área foi devastada com a grande concentração de terra removida do Trecho Sul.

Impacto social – “Esta será uma obra de um impacto social muito grande e quem ficar vai receber o câncer da destruição”, comentou por sua vez, Jomar Oliveira, morador da Vila Belmiro, salientando os problemas previstos para os moradores, mesmo os que não tenham suas casas desapropriadas.

Por sua vez, José Cantídio Lima, representante da Conlutas (Comissão Nacional de Lutas), frisou os prováveis prejuízos para a população atingida, que, conforme prevê ele, dificilmente terá condições de adquirir outro imóvel na cidade. Isto por conta do que chamou de “jogo imobiliário”, tendo em vista o volume de transações de compra e venda de imóveis por setores que sabiam da vinda do rodoanel. Ele cobrou a garantia de moradia para todas as famílias afetadas.

Além das incertezas quanto às desapropriações, o que preocupa a moradora Ivete Grippo são os prejuízos sociais de quem estabeleceu vínculos de amizade e convivência com a comunidade. “Não nasci na cidade, mas foi aqui que escolhi para viver”, conta ela, que também mostrou preocupação com o meio ambiente e a fauna que será destruída pela obra.

Comissão –  A ausência de representantes do projeto do rodoanel foi considerada um descaso pelos moradores. Os vários pronunciamentos ressaltaram a necessidade de a comunidade mobilizar-se para garantir seus direitos. Ao final do encontro foi formada uma comissão de moradores para encaminhar as discussões e ações a serem tomadas pelo grupo, a exemplo do que já ocorreu na Vila Suely, que realizou uma reunião em março com o mesmo propósito.

Fonte: Lamparina Urbana


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