Famílias que terão suas casas desapropriadas por obras do Mundial ainda não sabem para onde ir

03 de outubro de 2010

As diversas mudanças necessárias para melhorar a mobilidade urbana de Fortaleza acarretam uma discussão esperada na maioria das cidades-sedes para o Mundial de 2014: a remoção das famílias de seus locais de origem no decorrer das obras.

 

Dinvulgação/Metrofor

Em Fortaleza, para defender os interesses das comunidades que deverão ser afetadas com as desapropriações, cerca de 20 entidades se reuniram e formaram o ‘Comitê Popular da Copa’. A experiência é baseada no Comitê Social que funcionou durante os Jogos Pan-Americanos 2007, no Rio de Janeiro.

Segundo um dos membros, Pedro Costa Junior, a atuação do Comitê acontece com a ajuda de vários movimentos populares e estudantis através de audiências públicas e manifestações. “Por enquanto o clima mais tenso está nas comunidades que serão afetadas pela construção do Veículo Leve Sobre Trilhos -VLT“, explica.

O Comitê defende através de um manifesto que “o entusiasmo e a escolha” de Fortaleza como cidade-sede do Mundial de 2014 “esconde as consequências que as obras necessárias para a Copa trarão para a população mais pobre”. Outro trecho do manifesto diz ainda que “centenas de famílias já estão sendo removidas dos lugares onde nasceram, cresceram e trabalham para os limites de Fortaleza (…)”, e que “os investimentos para a Copa do Mundo estão voltados a apenas uma parte da cidade”.

A comunidade Rio Pardo, que fica no bairro Papicu, por exemplo, vem denunciando que falta informação e diálogo com os poderes públicos sobre as obras para o Mundial. A comunidade fica em uma área onde deve ser instalado o VLT, um projeto que pretende levar os turistas do porto do Mucuripe para o Castelão durante o evento.

O problema é que as famílias temem serem removidas com indenizações injustas ou serem deslocadas para conjuntos habitacionais distantes e sem infra-estrutura. Terezinha Fernandes da Silva, que mora na comunidade Rio Pardo há 32 anos, diz que a população não quer sair do bairro porque foi lá onde eles construíram toda uma vida. “Para piorar a situação, ninguém fala nada, as pessoas estão se sentindo oprimidas, acuadas. Essa incerteza está matando a gente”, desabafa.

Em nota, a assessoria de imprensa do Metrofor explica que “os imóveis situados às margens do Ramal do Mucuripe e que se encontram dentro da área de implantação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) Parangaba-Mucuripe estão sendo marcados com o objetivo de cadastrar, numa etapa posterior, as famílias neles residentes”.

A nota também diz que essa marcação também servirá para definir quantos imóveis serão desapropriados e para a elaboração dos laudos de avaliação dos mesmos. “A Companhia Cearense de Transportes Metropolitanos assegura que adotará o melhor critério para definir o preço justo dos imóveis atingidos a fim de minimizar os impactos sociais gerados com a implantação do sistema. O VLT Parangaba-Mucuripe deve começar a operar em 2012 e irá transportar por dia cerca de 100 mil passageiros”, diz.

Fonte: De Olho em 2014

 

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