(Português) 12 de maio de 2014
Armas, drogas, futebol e favela. É assim que, a 30 dias da Copa do Mundo, o site da TV árabe Al Jazeera apresenta o Brasil ao mundo. Com o torneio amador da Vila Aliança, favela do Rio de Janeiro, de pano de fundo, eles contam a história do líder do tráfico de drogas local, e como o campeonato é disputado por jogadores com armas pendurada nas costas.
Assim como outros países que têm passado orientações aos torcedores que virão ao Brasil para o Mundial para terem cuidado com assaltos e violência, a história do tráfico de drogas é contada pelo Al Jazeera, bem como a ligação com o futebol. O personagem Padrinho é o “dono” da favela e proprietário do VA Clube. A Copa Vila Aliança foi introduzida na comunidade por Franklin Ferreira, um professor de educação física local.
Nas entrevistas de Ferreira à TV, ele destaca que barrou um jogador que estava com um rifle M16 no meio-campo, e reforça que o que acontece fora das quatro linhas “não é de sua conta”. Em fotos, no entanto, alguns jogadores aparecem com armas em punho.
O organizador do evento compara o campeonato à Copa do Mundo, e diz que apesar da distância não muito longa – 30 km da comunidade até o Estádio do Maracanã, palco da final do Mundial – são poucos os que têm a possibilidade de acompanhar os jogos ao vivo. “Esta é a nossa própria versão pouco disso”.
Assim como no futebol profissional, o dinheiro e a influência são importantes para montar os melhores times na Copa Vila Aliança. Padrinho e outros traficantes fazem apostas e recebem investimentos de líderes do comando, e com isso “contratam” os melhores para os times.
Anderson Nascimento é um dos principais jogadores do local. Ele já foi profissional e acabou chamado para o time de Padrinho. Ao Jazeera, ele conta sobre a ajuda que recebe de um dos traficantes mais procurados do Brasil.
“Ele nos dá uniformes, engrenagem. Ele ainda ajuda se eu precisar de remédio para a minha filha, ou se eu estou com pouco dinheiro para o mês. Ele tem a vida dele e eu tenho a minha. Se ele me convidar para tomar uma cerveja, eu vou. Eu não o vejo como um cara ruim. Para mim, ele é apenas um cara normal”.
A história de Nascimento, que garante não ter envolvimento com drogas, mostra a dificuldade na vida na favela. Ele conta que teve a casa invadida por policiais durante uma noite por acharem que ele trabalhava para Padrinho. “Eles vieram e me algemaram imediatamente. Um homem negro deitado na cama sem camisa e achavam que eu era um criminoso”.
O “emprego” como jogador na Copa Vila Aliança acabou em março, justamente por questões da Copa do Mundo. Para combater a violência, a Secretaria de Segurança instalou uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) na favela vizinha à Vila Aliança, a Vila Kennedy, e o torneio foi suspenso após troca de tiros entre a polícia e traficantes da região.
Fonte: Terra Notícias
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