Famílias vivem em ginásio há mais de dois meses após despejo em MT

20 de fevereiro de 2014

Ao todo, 28 famílias estão abrigadas em ginásio em Várzea Grande. Elas foram retiradas de área que pertence à empresa privada.

Vinte e oito famílias que moravam no loteamento Jardim Esmeralda, em Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá, estão vivendo em um ginásio de esportes no Bairro Jardim Glória 2, no município, há mais de dois meses. Cerca de 300 famílias foram despejadas da área durante o cumprimento de um mandado de reintegração de posse. A propriedade pertence a uma empresa particular e estava ocupada pelas famílias há cerca de cinco anos.

Conforme o secretário de Desenvolvimento Urbano e Habitação de Várzea Grande, Tarciso Bassan, disse que a previsão é entregar 900 casas populares no município, sendo que parte delas deve ser destinada para essas famílias. Uma das dificuldade, segundo ele, se deve ao fato de que nem todas as famílias se encaixam no perfil exigido para receber as casas de programas de habitação.

Uma das abrigadas no ginásio, dona Maria Rosalina de Oliveira Andrade, de 55 anos, reclamou da situação em que as famílias se encontram. “Quando chove molha tudo aqui dentro. É bactéria, é pombo, é rato, barata, cobra, aranha, tudo isso tem aqui. Não temos segurança nenhuma. A segurança nossa aqui é só Deus mesmo”, afirmou.

Já o David Ergônio disse que a promessa feita às famílias era de que o ginásio seria provisório. “Está faltando orientação. Inclusive, fizeram um colega nosso, que é idoso,  assinar um documento de desistência, mas só depois foi ver que foi feito errado”, reclamou.

“Já tinha feito o cadastro em 2003 lá na [secretaria de] Habitação. Fiquei aguardando a visita e eles nunca vinham nos visitar. Daí surgiu essa oportunidade da gente ir para o ‘grilo’ para sair do aluguel, porque R$ 550 é muito caro. Fomos para lá e derrubaram tudo e nos trouxeram para cá”, desabafou Kátia Regina da Silva.

Segundo levantamento da Defensoria Pública de Várzea Grande feito em 2011, o déficit de casas no município chega a 30 mil imóveis. Para o defensor público, Marcelo Rodrigues Leirião, as famílias devem ser enquadradas na categoria de risco para conseguir a casa própria por meio do programa Minha Casa Minha Vida.

O defensor orientou sobre a atuação da entidade em situações como esta. “Esse pessoal foi lá e invadiu uma área particular e foram despejados. A prefeitura os alojou no ginásio de esportes. Então, a partir do momento em que a prefeitura fez isso, invocou toda a responsabilidade. A defensoria pode interligá-los com a Agência Municipal de Habitação. Para isso, basta que eles compareçam na defensoria”, frisou.

Protestos
No dia 21 de outubro do ano passado, cerca de 40 moradores do loteamento Jardim Esmeralda, bloquearam um trecho do perímetro urbano da Rodovia Mário Andreazza. Eles protestavam contra uma ordem de desocupação determinada pela Justiça. Foram formadas duas barricadas na rodovia que impedia o tráfego de veículos no local. Os manifestantes atearam fogo em pneus e também protestam com faixas. A Polícia Militar precisou ser enviada ao local para orientar os motoristas e evitar eventuais confrontos durante a manifestação.

À época, uma das representantes do movimento, Ana Clésia Ferreira Machado, disse que a prefeitura havia garantido a regularização da área, bem como que daria direito de posse às pessoas que vivem nesse loteamento. Já no dia 6 de dezembro, quando a ordem judicial foi cumprida, outro protesto tentou impedir a ação dos policiais.

 

Fonte: G1

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