Moradores ateiam fogo em apartamentos em reintegração de posse

20 de fevereiro de 2014

Os moradores de um conjunto habitacional na zona leste de São Paulo cuja reintegração de posse está em andamento atearam fogo em pelo menos quatro apartamentos.

Explosões de bujões de gás e de vidros no momento em que o fogo atinge o interior das habitações foram ouvidas pela reportagem. Antes de saírem com suas coisas, os moradores quebram portas, janelas e lustres.

O encanamento da área comum do prédio foi estourado e a caixa d’água comum também está vazando.

Sebastião Antonio, 53, é pedreiro e invadiu um dos 940 apartamentos há oito meses. “Não tenho para onde ir, os apartamentos estavam fechados há dois anos. Eles eram para os moradores do Jardim Pantanal, mas eles não quiseram vir morar aqui porque é longe”, diz.

Segundo Antonio, desde segunda, moradores e PM negociavam pacificamente. “Só que hoje eles decidiram não negociar. Nós fizemos um cordão para tentar impedir a entrada, mas tinha helicóptero tacando bomba de gás lacrimogêneo.”

Os moradores reagiram jogando pedras, segundo ele, “por desespero”. “A polícia reagiu muito violentamente”, conta Antonio, que há nove anos espera por uma moradia cedida pelo governo. “Cadê o poder público?”, questiona.

Caminhões de mudança estão impedidos de entrar na área da reintegração, pois as ruas do entorno foram fechadas. Homens, mulheres e até crianças carregam móveis, roupas e objetos nas costas.

O major da PM Edilson Batista diz que não há mais ação da PM e que a tropa aguarda apenas a retirada total dos objetos e a saída dos moradores. Segundo o coronel Felleto, o trabalho deve continuar nos próximos dias pois os oficiais de justiça precisam visitar todas as unidades para que a reintegração seja concluída.

De acordo com a Polícia Militar, moradores que não querem deixar o espaço fizeram barricadas na rua Amor de Índio e tentaram impedir o trabalho da PM. Policiais usaram bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo para tentar dispersar os manifestantes.

Os 940 apartamentos divididos em 48 prédios, que pertencem ao programa Minha Casa Minha Vida, foram invadidos em agosto de 2013. Ao todo, são cerca de 3.000 pessoas vivendo no local atualmente. Parte deles têm retirado os pertences enquanto outros insistem em ficar pois alegam que não tem outra opção de moradia.

Os prédios foram construídos para abrigar os moradores do Jardim Pantanal, bairro que fica em uma área de várzea do rio Tietê que sofre com problemas crônicos de inundação.

 

Fonte: Folha de São Paulo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *