Família diz que Metrô demoliu casa sem aviso prévio por obras do monotrilho

28 de janeiro de 2014

Moradores sabiam de processo para despejo, mas negociavam indenização quando empresa destruiu imóvel na zona sul de SP. Empresa nega direito à ressarcimento

Por Renan Truffi

Uma família foi despejada e teve a casa demolida por conta das obras da linha 17-ouro do Metrô, mais conhecido como monotrilho, na manhã de segunda-feira (27), na comunidade Morro do Piolho, na zona sul de São Paulo. A residência ficava na esquina da rua Cristóvão Pereira com a avenida Roberto Marinho e era a última que restava em uma área que foi desapropriada em função do trecho. Os moradores, no entanto, dizem que não receberam aviso prévio da operação, o que deixou três adultos e seis crianças na rua.

A operação para o despejo e demolição da casa começou logo cedo, por volta das 6h da manhã, e teve apoio da Polícia Militar. Surpreendida, uma das moradoras, Juliana Pereira de Queiroz, de 28 anos, teve que escolher às pressas os móveis que iria levar, mas acabou se desfazendo de alguns pertences dela e dos três filhos ali mesmo. Também moravam na casa o irmão de Juliana, os três sobrinhos e uma amiga. De acordo com ela, um oficial de justiça foi na residência em dezembro para avisar sobre o processo, mas nenhum comunicado oficial da empresa ou da Justiça chegou para notificar quando seria a data do despejo. Neste meio tempo, Juliana diz ter procurado a Defensoria Pública do Estado e tentado apresentar os documentos referentes à posse do imóvel.

“O tempo todo eles diziam que estava em análise. Depois eles alegaram que minha papelada não servia porque era xerox. Então uma funcionária do Metrô disse que eu não tinha direito a uma unidade da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano)”, explica. Apesar disso, a moradora conta que recebeu uma proposta de indenização da empresa, por telefone, no valor de R$ 17 mil. “Com isso eu não consigo comprar casa em lugar nenhum. Eu só queria um apartamento no CDHU”, critica.

“Eles não têm para onde ir e foram literalmente colocadas na rua. O departamento social do Metrô sequer estava presente para acompanhar a operação”, afirma Geilson Sampaio, assistente social que dá apoio às famílias. Apesar da empresa ter indenizado ou reassentado os antigos moradores do quarteirão, Juliana e os familiares não receberam nem auxílio financeiro. “Ofereceram só o serviço de albergue”, complementa Sampaio.

Recém-contratada como vendedora em uma loja do Shopping Ibirapuera, Juliana teve que faltar ao trabalho para poder procurar uma casa para dormir. Levou os filhos para a casa da avó deles, onde vai poder ficar, por enquanto, porque ela está internada. “Onde eu vou dormir depois, eu não sei. Tomara que eu não perca o emprego”, lamenta.

Outro lado

O Metrô respondeu, por meio de sua assessoria de imprensa, que a família “não tem direito ao reassentamento ou indenização porque ocupou o imóvel após o Decreto de Utilidade Pública”, publicado há mais de dois anos. A nota também diz que os “os ocupantes foram amplamente orientados e esclarecidos sobre as condições pelas quais não poderiam ser enquadrados no reassentamento ou receber indenização”. Apesar de dizer que a família não tem direito a nada, a empresa marcou uma reunião com os moradores nesta terça-feira (27), às 10h.

 

Fonte: Último Segundo

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