Ação de despejo contra 50 famílias no Novo Oeste

25 de janeiro de 2014

A Caixa Econômica Federal (CEF) determinou que as cerca de cinquenta famílias que tomaram posse de forma irregular dos apartamentos do Residencial Novo Oeste, deixem as moradias dentro de cinco dias.

Segundo os invasores o comunicado foi feito através de um documento distribuído em várias casas. A maioria das famílias diz que não tempara onde ir, algumas afirmam que não vão deixar os apartamentos. Jéssica Patrícia é uma dessas ocupantes, ela invadiu uma das residências com seus três filhos. “Eu não tenho pra onde ir, já me cadastrei, fiz tudo que eles pediram, mas não fui selecionada. Não tenho marido, estou desempregada e tenho três crianças que dependem de mim, se eu não me encaixo no perfil dos necessitados, não sei quem tem”, destacou Jéssica.

Por conta da repercussão do caso, a prefeita Márcia Moura (PMDB) realizou no Centro Cultural Irene Marques Alexandria, uma reunião na manhã de ontem com representantes da Central de Movimentos Populares (CMP) e algumas famílias que participaram da invasão. A prefeita tentou explicar que a administração municipal não tem nenhuma participação das ações de despejo. “O programa Minha Casa Minha Vida teve sim a participação ativa da prefeitura, até por que fomos nós que buscamos o maior residencial do estado, com mais de 1.200 moradias para nossa cidade. Porém a retirada das pessoas que invadiram, não foi uma determinação nossa, a caixa é quem faz a gestão e eles tem esse direito”, afirmou Márcia.

A grande maioria das famílias que participaram da invasão possuem cadastros no programa habitacional do governo federal, agora eles temem que por conta desta ordem de despejo, seus nomes passem a integrar uma suposta “lista negra” da Caixa. “A conversa que tem entre os moradores é de que nosso nome já está sujo no banco e que agora seremos os últimos da lista, isso não é justo, estamos lutando pelos nossos direitos ai somos prejudicados novamente? Isso é um absurdo, alguém precisa fazer alguma coisa”, disse uma moradora que não quis se identificar por medo de possíveis represálias. Outra moradora indagou a prefeita sobre uma possível “bolsa aluguel” para beneficiar as famílias que não teriam para onde ir. “Não existe essa possibilidade, não temos como fazer isso, nossa administração entende o lado de vocês, mas não podemos agir contra a lei, vamos fazer o que estiver ao nosso alcance”, destacou a prefeita.

Ao término da reunião, Márcia Moura disse que estava apoiando as famílias e que iria se reunir na próxima terça-feira com representantes da Caixa. “Não pode existir ‘lista negra’, quem já está cadastrado assim deve permanecer, vou pedir que não haja descriminação e principalmente, que estas famílias não sejam prejudicadas nas próximas seleções, são todos três-lagoenses e devem ser tratados de forma igual”, disse a prefeita.

O coordenador da Central de Movimentos Populares, Marcos Bocatoesteve na reunião e disse que novas reuniões devem acontecer para organizar a saída destas famílias. “Nós vamos trabalhar para que isso seja feita da melhor forma possível, a ocupação nem sempre é o melhor caminho, realmente estas pessoas podem se complicar com a CEF e nós não queremos isso, portanto vamos orientar as famílias para que cumpram a determinação da Caixa e desocupem os apartamentos dentro do prazo solicitado”, disse Bocato.

 

Fonte: Jornal do Povo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *