Filipinas decreta estado de calamidade no país após tufão Haiyan

11 de novembro de 2013

O presidente das Filipinas, Benigno Aquino, decretou nesta segunda-feira estado de calamidade em todo o país por causa da devastação provocada pelo tufão Haiyan, que atingiu o sul e a região central do país na última sext0a (8).

Mais cedo, o Exército confirmou 942 mortes provocadas pelo fenômeno, embora o governo provincial de Leyte, ilha mais atingida, tenha cifrado em 10 mil o número de vítimas. Na região, os ventos chegaram a 378 km/h, cidades ainda estão isoladas e mais de 600 mil pessoas estão desabrigadas.

A partir da declaração, o governo poderá impor um teto aos preços de artigos de primeira necessidade, como remédios, alimentos, água e derivados de petróleo, além da criação de fundos especiais para a recuperação de infraestrutura e dos serviços públicos.

Isso contribuirá para a recuperação das cidades, dentre elas Tacloban, que teve até 80% das construções destruídas após a passagem do fenômeno. Milhares de moradores esperam ajuda humanitária e o governo teve que ocupar a cidade para evitar saques a lojas e instalações do Exército e da Cruz Vermelha.

A falta de mantimentos de primeira necessidade tornou a situação da população insustentável, tendo em vista que milhares de pessoas buscam e rogam por um assento nos helicópteros militares com intenção de deixar a cidade.

Para facilitar a chegada das equipes e da ajuda humanitária, a pista do aeroporto local foi reaberta nesta segunda-feira, para voos da empresa estatal Pilippine Airlines e das Forças Armadas, a fim de levar ajuda humanitária a ajudar na retirada de moradores desabrigados.

A tormenta neste momento está sobre a região autônoma de Guangxi Zhuang com ventos de cerca de 118 km/h, e já causou quatro mortes no país. Outras sete pessoas estão desaparecidas. Antes disso, o Haiyan passou pelo Vietnã e por Taiwan, deixando pelo menos 13 mortos.

PREJUÍZO ECONÔMICO

Estima-se que o Haiyan tenha destruído até 80% das estruturas em seu caminho ao avançar pelas províncias litorâneas de Leyte e Samar. O dano para essa região produtora de coco e arroz deve superar os US$ 69 milhões (R$ 159,7 milhões), segundo relatório do Citi Research, com “enormes prejuízos” para a propriedade privada.

Grande parte das mortes e dos danos foi causada por enormes ondas que inundaram as cidades e devastaram aldeias litorâneas, em cenas que as autoridades compararam ao tsunami de 2004 no oceano Índico. Corpos estavam espalhados pelas ruas de Tacloban, apodrecendo e inchando sob o sol forte, e criando mais um risco sanitário.

Agências humanitárias internacionais dizem que a infraestrutura filipina de socorro já estava no limite antes do tufão, por causa do terremoto do mês passado na província central de Bohol e dos deslocamentos causados pelo conflito contra rebeldes muçulmanos na província de Zamboanga.

As operações de auxílio também estão sendo atrapalhadas pelos danos em estradas, aeroportos e pontes. Ameaçando agravar a crise nessa área pobre, uma depressão tropical deve chegar a partir de terça-feira à região, causando fortes chuvas.

Awelina Hadloc, dona de uma loja de conveniência, se alimentava de macarrão instantâneo em um armazém que foi quase esvaziado por saqueadores. Ela disse que a sua loja foi levada embora por uma onda de 3 metros de altura.

“Está difícil demais. É como se estivéssemos recomeçando”, disse a comerciante de 28 anos. “Não há mais mantimentos no armazém nem nos shoppings.”

SAQUES

O presidente Aquino, enfrentando um dos maiores desafios em seus três anos de mandato, mobilizou 300 policiais e soldados para tentar restaurara a ordem em Tacloban depois dos saques.

Antes da chegada do tufão, o presidente disse que o objetivo era que a tempestade não causasse vítimas fatais. Depois, ele demonstrou exasperação com os relatos oficiais conflitantes a respeito de danos e mortes. Segundo uma rede de TV, ele disse ao chefe da agência de combate a desastres que sua paciência está se esgotando.

O número oficial de mortos ainda deve subir rapidamente à medida que os socorristas cheguem a pequenas cidades litorâneas remotas, como Guiuan, na província de Samar (leste), com 40 mil habitantes, que foi muito afetada.

“A única razão pela qual não temos relatos de vítimas até agora é porque os sistemas de comunicação… caíram”, disse o coronel John Sánchez numa postagem pela Internet.

Assista reportagem da Folha de São Paulo aqui. Veja fotos aqui.

 

Fonte: Folha de São Paulo

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