Família que vive sob ponte há 13 anos deve ser retirada para obra da Copa

04 de outubro de 2013

Medida será tomada em função de obras de ponte para o VLT, em Cuiabá. Casa de pescador tem energia elétrica, água, piso, portas e janelas.

por Pollyana Araújo, do G1 MT

Depois de 13 anos morando embaixo da ponte Júlio Müller, sobre o Rio Cuiabá, uma família de pescadores deverá ser retirada do local em função das obras de construção da ponte onde deverá passar o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), considerada a principal obra de mobilidade urbana para a Copa de 2014, em Cuiabá. Na casa de alvenaria, construída às margens do rio, em Várzea Grande, região metropolitana da capital, os moradores têm energia elétrica, água e criam patos, galinhas e animais de estimação.

A Secretaria de Assistência Social de Várzea Grande informou que a família será retirada das margens do rio, onde estão vivendo irregularmente e em situação de risco. A coordenadora de Proteção Social da Secretaria de Assistência Social de Várzea Grande, Eva Nelson de Freitas disse que será feito levantamento para identificar a origem dos moradores. “Precisamos saber onde estão as famílias deles, porque, pelo que vimos, não se tratam de moradores de rua, mas de pessoas que usam o local para o trabalho”, afirmou.

A moradia, apesar de irregular, só foi descoberta pelo poder público municipal nesta quinta-feira (3), durante uma visita in loco, já que, quem passa sobre a ponte, não imagina que embaixo exista uma casa de alvenaria, com parte em madeira, cujo teto é o concreto da ponte. A residência possui piso de cimento, portas e janelas.

Uma das alternativas seria a liberação de uma casa popular por meio de programas habitacionais, porém, a família já demonstrou, nessa primeira visita, não ter interesse no benefício, já que teria optado por viver perto do rio, onde pesca e garante o seu sustento. “Iremos cadastrar essa família para que sejam inseridas nos programas habitacionais do governo federal e procurar as famílias, porque, normalmente, essas pessoas têm conflitos familiares”, avaliou.

A retirada deve ser feita em conjunto com outras secretarias e a colônia de pescadores, a qual o pescador é ligado, pois envolve outras questões e não somente a de falta de moradia, conforme a pasta de Assistência Social.

Além da família do pescador Edinaldo França Campos, de 44 anos, há outros colegas que construíram barracos debaixo da ponte para armazenar as tralhas de pesca. “Quero ver onde vão colocar minhas canoas. Não tem como a gente sair daqui. Esse é o nosso meio de sobrevivência”, disse Edinaldo, ao se declarar indignado com o fato de ter sido descoberto no local. “Vivo tranquilo aqui, trabalhando, sem incomodar ninguém”, argumentou.

O irmão, que possui deficiência física, e outras pessoas que não seriam pescadores também moram no “condomínio”, construído em um barranco no “pé da ponte”. No período em que a pesca é proibida, o pescador fabrica e reforma canoas, também nas margens do Rio Cuiabá, e ainda recebe um benefício do governo federal para garantir o sustento dos pescadores nessa época. Por conta do contato diário com o rio, ele disse que não se preocupa muito com as enchentes, embora more em uma área de risco. “Algumas vezes o rio chegou a encher muito, mas, como sou acostumado não sinto medo”.

O presidente da Colônia de Pescadores Z-14, Belmiro Lopes de Miranda, informou conhecer a situação do pescador que mora embaixo da ponte e alegou que os pescadores não têm onde deixar os barcos. “Os pescadores vivem dos rios e onde vão deixar os barcos. Realmente, eles pescam”, afirmou. Ele citou ainda que a cena se repete em outras pontes sobre o Rio Cuiabá, como na Sérgio Motta. No entanto, os pescadores em barracos.

Obras
Em junho deste ano, foi dado início às obras de construção da ponte, paralela à ponte Júlio Muller, que liga Cuiabá a Várzea Grande. A estrutura terá 350 metros e será usada para o tráfego de veículos. A ponte central servirá para passagem do VLT e terá a estrutura ajustada para implantação da via permanente. A ponte utilizada para o trânsito no sentido Cuiabá-Várzea Grande continuará com o mesmo sentido e também deverá receber reforço.

De acordo com a Secretaria Extraordinária da Copa (Secopa), na primeira fase, foi construída a ponte branca, uma passarela de madeira erguida sobre a lâmina d’água que servirá para sustentar os equipamentos e máquinas para execução da fundação da ponte (tubulões). Em seguida, será iniciada a etapa de mesoestrutura, em que serão construídos os pilares que vão sustentar as travessas. As vigas pré-moldadas e o plano de pista ou tabuleiro (superestrutura) devem ser executados na sequência.

 

Fonte: G1

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