Eduardo Paes abre negociação para manter favela vizinha de Parque Olímpico

09 de agosto de 2013

por Italo Nogueira

O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), se reuniu nesta sexta-feira com moradores da Vila Autódromo para abrir negociação para manutenção da favela, vizinha ao local onde está em construção o Parque Olímpico. O encontro faz parte dos recuos feitos por autoridades após as seguidas manifestações.

A associação que representa o grupo afirma que a intenção de remover toda a comunidade foi abortada. A prefeitura diz que um grupo técnico vai estudar “alternativas”.

A Vila Autódromo seria removida para a construção do Parque Olímpico. O local seria usado como área de circulação do público. Depois dos Jogos, todo o terreno deverá ser explorado comercialmente por incorporadoras e imobiliárias, seguindo acordo firmado por PPP (parceria público-privada) entre o Consórcio Parque Olímpico e o município.

Segundo a associação de moradores da favela, Paes abriu negociação para permanência da comunidade. Algumas remoções teriam de ocorrer por estar em áreas de risco, mas as famílias seriam transferidas para em locais na própria comunidade.

“O prefeito reconheceu que houve equívocos no tratamento à comunidade e afirmou que está disposto a abrir uma rodada de negociações baseada na permanência da Vila Autódromo e sua urbanização”, diz nota da associação.

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A prefeitura, por sua vez, afirma que a negociação ocorre hás três anos e “se intensificou nas últimas semanas”. “Durante reunião nesta sexta-feira ficou acertado que será criado um grupo técnico de trabalho, que vai estudar as diversas alternativas possíveis para a comunidade. A Prefeitura do Rio reafirma a sua intenção manter o diálogo e a negociação permanente com os moradores da Vila Autódromo”, diz a prefeitura, em nota.

Em entrevista à Folha em junho, Paes defendeu com veemência a remoção da favela. “Ali tem o espaço do Parque Olímpico. Tem medidas de segurança, porque está numa área de proteção ambiental, é uma invasão irregular do espaço público e porque eu estou fazendo um belo bairro alternativo com moradia a 500 metros dali”.

A prefeitura já havia iniciado a construção do bairro popular que receberia os moradores da Vila Autódromo. O Parque Carioca, próximo da área da favela, está orçado em R$ 81 milhões.

A compra do terreno para a instalação do conjunto habitacional também foi alvo de polêmica. A empresa dona do terreno era doadora de campanha de Paes. O prefeito cancelou a compra, feita por R$ 19 milhões, quando o caso foi divulgado e pediu uma avaliação judicial. O perito avaliou a área com um valor acima do acertado, mas a aquisição acabou sendo feita pelo valor original.

A ameaça de remoção cerca a Vila Autódromo desde os Jogos Pan Americanos. A favela seria retirada para o evento, ocorrido em 2007, mas conseguiu permanecer no local com base em decisões judiciais.

 

Fonte: Folha de São Paulo

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