Incêndio em favela no Recife vira protesto e fecha rua por uma hora

05 de agosto de 2013

Acesso a três unidades de saúde ficou impedido durante a manifestação. Até o momento, 101 famílias foram credenciadas pela Prefeitura.

O incêndio que atingiu dezenas de barracos na favela dos Coelhos, área central do Recife, transformou-se em um protesto, no início da noite desta segunda-feira (05). Os moradores que perderem tudo depois do fogo bloquearam a Rua dos Coelhos, interditando a passagem de pedestres e veículos, queimando pedaços de madeiras e pneus. Durante uma hora, o acesso a três unidades de saúde que ficam na região – a Policlínica Oscar Coutinho, o Instituto Materno-infantil de Pernambuco e o Hospital Pedro II – ficou impedido. Os Bombeiros conseguiram apagar o fogo e liberar a via por volta das 18h30.

Durante a interdição da rua, o clima ficou tenso. Os manifestantes espalharam pela rua o lixo que estava nas calçadas e também jogaram dejetos nos carros que se aventuraram a passar. Os motoristas deram meia-volta para procurar outra rota. Comerciantes preferiram fechar mais cedo as portas de seus estabelecimentos, temendo que o protesto virasse uma confusão generalizada.

Além da fumaça original do incêndio, a fumaça vinda dos pontos de bloqueio piorava a situação no local. A Polícia militar foi chamada ao local para negociar com os manifestantes e somente após os bombeiros apagarem o fogo, a situação foi contornada.

Em sentido horário: bloqueio na Rua dos Coelhos; lixo espalhado pela via; carros dão meia-volta em busca de outras rotas; comerciantes fecham as portas (Foto: Alexandre Morais/G1)

Brincadeira originou fogo
O Corpo de Bombeiros acredita que o incêndio foi causado após uma brincadeira de crianças. O major Marcelo Maciel disse ao G1 que três crianças estariam brincando com fogo antes do incêndio começar. “A informação inicial é que o fogo teria atingido um colchão e se propagado para os barracos”, explicou.

O porteiro Eduardo Borborema, de 41 anos, disse que testemunhas viram os meninos brincando com fogo. “O que eu soube foi que garotos estavam brincando com fogo quando começou o incêndio. Minhas três filhas, de 3, 10 e 16 anos, estavam em casa e foram tiradas por uma tia. Eu estava trabalhando e minha esposa estava fazendo compras. Corremos para cá e tiramos tudo o que conseguimos, mas não sei como está o estado da minha casa”, disse.

No trabalho de combate ao incêndio, os bombeiros informaram que 73 pessoas estavam envolvidas na operação, com  23 viaturas e um bi-trem, que é um caminhão biarticulado com tanque extra de água. Havia ainda uma embarcação de apoio no rio e um caminhão com bomba de recalque – para dar maior suporte d’água. Depois de três horas para conter os principais focos, ainda há pequenos pontos de fogo, e as equipes estão trabalhando no rescaldo.

Cadastramento às escuras
A Defesa Civil do Recife, juntamente com equipes das secretarias de Assistência Social e Habitação, realizam o cadastramento das vítimas do incêndio, mas estão trabalhando às escuras. O processo está sendo feito na quadra da Escola Municipal dos Coelhos, em uma parte que está sem luz. Os faróis de carros da Guarda Municipal estão sendo improvisados como iluminação.

A Companhia Energética de Pernambuco (Celpe) informou que essa escola fica em uma via paralela à que teve o fornecimento de energia desligado para o trabalho de combate ao fogo. No entanto, o serviço de luz na unidade de ensino é normal; o que falta, segundo a Celpe, é a instalação elétrica na quadra.

As famílias desabrigadas por causa do fogo devem ser levadas para um abrigo nas proximidades da sede do bloco Galo da Madrugada, que pertence à Secretaria de Direitos Humanos. “As famílias estão sendo orientadas a ir para a quadra da escola municipal dos Coelhos e para a creche Vovô Arthur, para se cadastrar. Teve gente que perdeu tudo”, afirmou a coordenadora do Movimento Pró-criança, Camila Nogueira. A entidade presta auxílio no local.

Até o momento, 101 famílias já foram cadastradas no mutirão.

O secretário de Defesa Civil, Adalberto Ferreira, esteve no local do incêndio. “Ainda não sabemos quantificar o total de famílias atingidas”, comentou, orientando às pessoas que não forem para o abrigo para irem para a casa de parentes

Dez vítimas socorridas
De acordo com os Bombeiros, a área atingida tem 100m de largura por 20 de comprimento. Dez vítimas foram atendidas com problemas respiratórios ou passando mal. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) removeu dois adolesceste para a UPA do Curado, com problemas respiratórios. Ainda não há registro de vítimas fatais.

As equipes de resgate e atendimento pré-hospitalar trabalham com 35 pessoas, com cinco motos e seis viaturas.

Segundo o último levantamento realizado pela Prefeitura, em 2009, 384 famílias moram na favela dos Coelhos. O incêndio atingiu parte da área. A Prefeitura informou ainda que já estava sendo construído um habitacional para transferir os moradores da favela, com conclusão prevista para dezembro desde ano.

 

Fonte: G1

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