Solo ‘engole’ favela na zona norte de Ribeirão Preto, SP

22 de maio de 2013

Ocupação em área onde havia nascentes está ameaçada; prefeitura diz que problema será solucionado

Pelo menos 1.000 moradores da Favela da Várzea convivem com o risco de desabamento das casas que foram construídas em cima de um antigo lixão e em área de várzea do ribeirão Preto, na zona Norte.

No local também havia cinco nascentes, quatro delas já foram soterradas, uma ainda sobrevive e é usada como lagoa de patos. O lugar previsto para ser o Parque Municipal Geógrafo Milton Santos é palco de uma população que vive com o esgoto, lixo e o risco de desabamento.

Procurada, a prefeitura informou apenas que o projeto para intervenção na área já está em fase de licitação e prevê, entre outras medidas, o estudo do solo da região.

Enquanto isso, os moradores reclamam. “Minha casa está desabando porque a água vai parar debaixo da minha casa. Tem rato e sapo em todo lugar. A escada da minha casa afundou. Eu passei o cimento para tapar os buracos, mas a parede do quarto onde eu moro com oito pessoas também está caindo”, diz Irani Rodrigues. A moradia da filha dela já desabou.

Damião Ferreira Silva se recorda da época que bebia água das nascentes. “Mas o esgoto estourou e contaminou as minas e depois foram jogando lixo em cima e tudo foi soterrado”, diz ele.

Rosemeire Paula Lima viu a casa da filha afundar por causa do esgoto e resolveu unir os moradores e tomar uma atitude drástica. Ela contratou uma máquina e aterrou o local. Com isto, árvores frutíferas e outros tipos de vegetação foram soterradas.

“Pelo menos não convivemos mais com o cheiro de m… que deixava todo mundo passando mal. Agora vamos reconstruir os barracos. Mas tem muito lugar aqui que o povo ainda vive no esgoto”.

O aterro causou um problema. A água de uma nascente que escorria normalmente até o ribeirão Preto agora volta para dentro da casa de uma moradora.

Nascente

Ellen Maria dos Santos tem uma nascente no fundo da casa dela. Ela procura preservar o nascedouro de água. “A água está suja porque os patos brincam nela, mas é uma água cristalina e pura. Sabemos que esta fonte é raríssima”, diz.

Na década de 80, Marly Carvalho conta que as minas eram chamadas de Fonte das lavadeiras. Elas lavavam roupas e ainda tomavam água do lugar. “Era tudo muito limpo, mas hoje tudo mudou ”, diz ela.

 

Fonte: Jornal A Cidade

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