Tráfico dá uma semana para que famílias deixem suas casas na Covanca em Jacarépaguá

25 de abril de 2013

Moradores da comunidade da Covanca em Jacarepaguá foram ameaçados e têm uma semana para perder tudo o que levaram anos para construir, enquanto que a Polícia nada pode fazer para proteger suas vidas, nem seus patrimônios. Uma situação que as autoridades não têm explicação pra dar.

Na Nigéria, no Quênia e no Máli é assim. Mas na Cidade Maravilhosa não deveria ser! Enquanto policiais desfilam pelas ruas do bairro, bandidos e milicianos armados se revezam em disputas vorazes pelo controle do tráfico de drogas na região. E à cada novo tempo, um novo grupo passa a dominar o território que antes era dominado por outro grupo criminoso, ou as vezes a polícia.

O 18º batalhão de Polícia Militar localiza-se na Estrada do Pau Ferro 435, na região de Pau Ferro em Jacarepaguá. Responsável pelo policiamento da região, mas pouco pode fazer para controlar a violência praticada no seio da comunidade. A exemplo de outras áreas até mesmo tidas como “pacificadas”, a polícia não tem acesso franco na comunidade e limita-se a ocupar as entradas dos morros, enquanto o crime organizado vive dentro das comunidades.

No dia 12 de abril deste ano, uma nova tentativa de invasão resultou numa noite inteira de tiroteios enquanto que moradores acuados temiam por suas vidas, trocaram a noite que seria de descanso, pelo pesadelo do medo da bala perdida ou da invasão de residências por parte dos bandidos. Na ocasião pelo menos 16 famílias foram expulsas de suas casas e passaram a semana santa no pátio da 41ª DP, delegacia de Polícia Civil no Tanque.

Segundo moradores, cada novo grupo que assume o controle do local, parece precisar demonstrar seu poderio, submetendo os locais à humilhação, espancamento gratuito, confiscam objetos pessoais e até tiram vidas para impor terror e garantir domínio.

A TV Record esteve nesta quarta na localidade e publicou uma breve matéria denunciando a situação dos moradores, que estão perdendo seus bens e imóveis para esvaziar o lugar onde serão estabelecidos novos postos avançados do grupo que certamente é o novo “anfitrião da comunidade”.

Moradores que desobedecem à ordem de evacuar estão sujeitos a pagar com suas vidas. Famílias inteiras são dizimadas à cada nova troca de comando da área, que além de elevada tem uma densa mata na contra-encosta que torna o local estratégico e mais seguro para quem espera por constantes invasões.

A mata torna-se a “porta dos fundos” para que os ocupantes da comunidade possam escapar ainda com vida. Mas os moradores da comunidade não têm a mesma sorte. Eles estão angustiados. Trabalharam muito. Pagaram com suor e sangue para comprar os imóveis onde se estabeleceram e criaram seus filhos. Mas hoje, se não deixam tudo e saem com a roupa do corpo, podem pagar com a vida de todos que amam.

O conselho mais esquisito foi dado pelo “especialista em segurança” Vinícus Cavalcante em uma entrevista para a Rede Record de Televisão: “os moradores precisam continuar a denunciar a ação dos criminosos na comunidade”.

A polícia já sabe. Os moradores já denunciaram, já gritaram, já espernearam e 10 deles já morreram e ninguém fez nada, porque? Testemunhas oculares disseram que o último que fez revelações para o disque-denúncias foi descoberto pelos bandidos, quebrado e cortado em pedaços. Os bandidos estão dispostos ao enfrentamento e no dia 19 de Janeiro deste ano 2 policiais foram feridos em confronto com traficantes na região. A Record disse que antes da tentativa de ocupação no dia 12, a comunidade era controlada pelos traficantes da comunidade Camarista, no Méier. Em fim: Na Covanca o clima é de guerra. Até que ponto o crime vai continuar retirando tudo que as pessoas têm de mais importante, enquanto as autoridades pouco fazem a respeito?

 

Fonte: Viva Favela

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