ONGs protestam na ONU contra remoções no país por causa da Copa

05 de março de 2013

Ativistas pedem que a entidade considere a situação de milhares de brasileiros em situação de risco

Associações de moradores e organizações não-governamentais denunciaram ontem na Organização das Nações Unidas (ONU) o fato de que 170 mil brasileiros já foram vítimas de remoções forçadas ou ameaçados de despejos por conta das obras da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016.

A queixa foi apresentada em Genebra ao Conselho de Direitos Humanos da ONU. Os ativistas pediram que a entidade considere a situação de milhares de brasileiros e tome uma decisão para frear imediatamente o comportamento das autoridades do País.

Falando na plenária da ONU, a representante da Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa, Giselle Tanaka, alertou aos demais países e à própria organização que um a cada mil brasileiros tem sofrido com remoções forçadas por conta de “eventos que vão durar apenas um mês”.

“Pedimos para que o Conselho da ONU apele ao governo brasileiro que pare imediatamente com as remoções forçadas”, disse Giselle, que solicitou a elaboração de um plano de desenvolvimento.

Em seu discurso, a ativista ainda apontou para os “abusos” cometidos na preparação dos megaeventos esportivos, além da falta e um planejamento em relação aos investimentos feitos em estádios “sem um futuro”.

Ontem, o governo brasileiro ignorou solenemente as críticas contra ele na ONU. Em um discurso feito antes da intervenção das ONGs, citou apenas de forma genérica os “desafios” na preparação dos grandes eventos esportivos, sem citar o problema da remoção. Os representantes do Itamaraty nem sequer tomaram a palavra para responder às críticas das ONGs.

A estratégia de ignorar as críticas e cobranças tem sido uma constante do Itamaraty em relação à Copa e Jogos Olímpicos. O Itamaraty, por exemplo, não respondeu a uma carta da relatora da ONU para o direito à moradia, Raquel Rolnick, que denunciava violações de direitos humanos na preparação da Copa.

Já na Suíça, neste fim de semana, os habitantes do leste do país votaram contra um projeto de lançar a cidade de Saint Moritz para organizar os Jogos Olímpicos de 2022. Como o projeto envolvia dinheiro público para as obras, a lei estabelece que a população local deve ser consultada. Com a vitória do “não”, o plano agora foi abandonado.

 

Fonte: O Estado de São Paulo

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