Famílias que ocuparam casas populares temem despejo em SE

04 de março de 2013

263 famílias estão no Loteamento Itacanema desde o dia 18 de fevereiro. Prefeitura de Nossa Senhora do Socorro pediu reintegração de posse.

As 263 casas populares do Loteamento Itacanema localizado no Conjunto Jardim no município de Nossa Senhora do Socorro, em Sergipe, estão ocupadas há duas semanas. Nesta segunda-feira (4) os moradores acordaram apreensivos com a notícia que terão que deixar o local em breve, pois a prefeitura entrou com um processo de reintegração de posse.

“Essas casas já deveriam ter sido entregues, mas não estão em condições. A energia que tem aqui foi porque a gente que fez um gato e a água só tem em um cano que foi usado na construção e todo mundo tem que ir tomar banho lá. O pior é que não chega ninguém da prefeitura para conversar com a gente, se eu tiver que sair daqui não sei para onde ir”, afirma Rodinei Oliveira que está desempregado, tem duas filhas e a esposa está gravida de nove meses. Eles moravam na casa da mãe de Rodinei no Conjundo Jardim, na mesma casa também moravam outras dez pessoas.

De acordo com informações da prefeitura do município, a construção do conjunto habitacional começou em 2008 e não foi concluída ainda porque a empresa que ganhou a licitação desistiu da obra, a segunda se recusou e a terceira disse que seria necessário fazer um ajuste no preço do serviço que estava com os valores defasados.

“Como o processo não permitia o reajuste do valor nós teremos que fazer uma nova licitação e isso demanda tempo. Tive que pedir paralisação do projeto licitatório porque algumas casas foram depredadas e tiveram portas e janelas arrancadas. Só após a reintegração de posse é que será feita uma vistoria para verificar o que será necessário inserir no projeto”, explica Gleidson Oliveira, secretário Municipal de Planejamento.

‘Falta dinheiro até para a comida’
Enquanto isso, Rosivânia dos Santos, 31 anos, improvisa na nova moradia. Ela, o filho e o sobrinho dividem um colchão de solteiro. A filha dela de 15 anos também ocupou uma casa no mesmo loteamento junto com o companheiro. Todos viviam em uma casa alugada por R$ 250 no bairro Bugio em Aracaju. A artesã fazia vassouras de palha, mas teve que deixar o serviço por causa de uma infecção na pele que piora com a poeira da palha.

“Se a gente tiver que sair daqui vamos ter que ir para debaixo da ponte. Meu aluguel vence dia 11 e estou para ser despejada porque não tenho como pagar. Para você ter ideia não tenho o que comer hoje, a gente almoçou por volta das 15h de domingo e até agora não tem nada”, conta Rosivânia. Ela disse ainda que já procurou a prefeitura para se cadastrar na lista de espera por uma moradia popular, mas que teve o pedido negado porque não havia vaga.

O secretário de planejamento de Socorro confirmou que as vagas só são abertas conforme a construção de novas residências é iniciada. Assim como Rosivânia, várias famílias que ocupam a área também não estão no cadastro que beneficiou moradores das regiões conhecidas como Lagoa da Estabilização e Caixa D’Água, áreas de risco do Conjunto Jardim.

Retomada das obras
O secretário Municipal de Planejamento Gleidson Oliveira afirma que após a vistoria das residências e adequação do projeto o processo licitatório deve ocorrem em 60 dias. “Depois que a ordem de serviço foz assinada as obras devem ser concluídas em oito meses”, estima.

Segundo Gleidson, as rachaduras na estrutura não comprometem a segurança dos moradores. “Fiscais do Ministério das Cidades e da Caixa Econômica Federal fiscalizam a obra com frequência. Ambos consideram o projeto inicial viável e por isso autorizaram a nova licitação”, finaliza.

 

Fonte: G1

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