Direito à moradia é tema de mostra no São Luiz

20 de janeiro de 2013

Violência sofrida pelas famílias expulsas de casa, em São José dos Campos, foi registrada pelas estudantes Bruna Monteiro e Nathália Dielú no curta "Somos todos". Foto: Bruna Monteiro

Mostra #SomosTodosPinheirinho acontece nesta segunda (21), às 19h, e tem como ponto de partida a violenta reintegração de posse ocorrida em São Paulo, no ano passado

por Renato Contente

Pinheirinho, em São José dos Campos, a 147 km de São Paulo, não tinha afeto só no nome de árvore no diminutivo, mas também sob o teto de cada uma das 1.500 famílias que foram expulsas com violência pela Polícia Militar e Guarda Civil Municipal no domingo cinza de 22 de janeiro de 2012. À época, o relatório da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) da cidade dizia que a juíza que autorizou a ‘reintegração’ “agiu no estrito cumprimento de sua obrigação”, demonstrando “coragem e coerência”, e que não houve violações dos direitos humanos na “conduta geral” da PM (afinal, é claro, casos isolados “não podem macular a operação como um todo”).

Em contraponto às “versões oficiais” do que ficou conhecido como “Massacre de Pinheirinho” e “Nossa Canudos contemporânea” (apesar de várias denúncias de morte, até então não houve confirmação), olhos assustados e câmeras de vídeo testemunharam para o mundo a negação de humanidade em São José dos Campos. Parte dessa produção poderá ser vista nesta segunda (21) na mostra #SomosTodosPinheirinho, a partir das 19h, no Cine São Luiz, com debate após a exibição. Os ingressos custam R$ 2.

A série de curtas, cuja temática se concentra na violação à moradia e feridas nos direitos humanos, problematiza também outros casos fatídicos – como o dos índios guaranis-kaiowás, no Mato Grosso do Sul e, para não ir tão longe, a da comunidade do Bom Jesus, no bairro de Boa Viagem, Zona Sul do Recife. Entre os filmes exibidos vão estar Eu queria matar a presidenta (Pedro Rios Leão, RJ), Somos todos (Bruna Monteiro e Nathália Dielú), Ocupar: resistirVila Oliveira (ambos do Coletivo Coque Vivo), Guaranis-Kaiowás (construção coletiva) e Domínio público (Fausto Mota, Raoni Vidal e Henrique Ligeiro, RJ).

“Por que um episódio que aconteceu no interior de São Paulo? Porque ali foi um símbolo. A violação aos direitos humanos acontece todos os dias”, explica uma das organizadoras da mostra, Bruna Monteiro. O curta Somos todos, feito em conjunto por ela e Nathália Dielú, ambas estudantes pernambucanas de jornalismo, é um dos destaques da mostra.

Dias depois do domingo que trocou a associação de afeto a Pinheirinho por terror, as duas amigas dividiram no cartão de crédito a passagem para São Paulo e foram testemunhar o que vinha sendo mostrado nas redes sociais e suavizado, quando não ignorado, pela maioria dos grandes veículos de comunicação. “O evento é um grito de cada oprimido. Seu objetivo é mostrar que existem casos como o do Pinherinho por todo canto. Ao fim, cada uma dessas pessoas oprimidas é um pinheirense que teve sua casa tomada”, finaliza Nathália Dielú.

 

Fonte: Jornal do Commercio

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