21 de janeiro de 2013
por André Monteiro, de São Paulo
Três meses após o incêndio que destruiu 80 barracos na favela do Moinho, no centro de São Paulo, a situação de risco continua a mesma. Parte dos 300 desabrigados recebem auxílio-aluguel, mas outra parte não conseguiu o benefício e montou barracos ao lado da área incendiada em setembro.
É o caso de José Roberto Adão, 34. Pai solteiro, montou um barraco onde mora com os filhos Isac, 2, e Kaio, 3. “Não tenho pra onde ir. E está difícil conseguir trabalhar, a creche onde os meninos ficavam foi fechada.”
A favela foi palco da campanha eleitoral do ano passado. Fernando Haddad (PT) exibiu imagens de conversas com moradores após o incêndio, e foi criticado pelos adversários, acusado de “faturar a desgraça alheia”. Uma pessoa morreu no incêndio.
Em dezembro de 2011, a favela já havia queimado em outro grande incêndio. Depois dele, equipes do Previn (plano contra incêndios em favelas) foram até o local.
“Instalaram um hidrante e dez pessoas fizeram curso de bombeiro. Mas até hoje não temos a chave do hidrante e ainda falta a mangueira, roupas especiais e extintores”, diz o líder comunitário Humberto Rocha. “De que adianta ter brigada e hidrante se não dá pra usar?”, questiona.
Segundo Rocha, a gestão Gilberto Kassab (PSD) cadastrou moradores e prometeu entregar imóveis, mas até agora eles não sabem quando poderão se mudar. Mais de mil pessoas vivem na favela. Enquanto aguardam, o risco de incêndios permanece.
Além dos novos barracos, feitos de madeira e outros materiais inflamáveis, como plástico, a Folha encontrou possíveis causadores de incêndios. Fogareiros e ligações elétricas irregulares são comuns nos barracos.
Outro problema é que parte do viaduto é usado na construção de carros alegóricos da escola de samba Camisa Verde e Branco. Em 2012, um incêndio no barracão da escola Mocidade Alegre, embaixo do viaduto Pompeia, fechou a via por seis meses.
No ano passado, foram mais de 30 incêndios em favelas da capital paulista.
OBRA
Segundo moradores e comerciantes, as obras de recuperação do viaduto Orlando Murgel, que teve a estrutura abalada pelo incêndio, estão em ritmo lento. Se trata de importante ligação da zona norte ao centro da cidade.
Metade da via foi interditada. O tráfego está sendo direcionado para as três faixas que permanecem abertas.
O trânsito já congestionado no local ficou ainda pior com a abertura de uma cratera na av. Rudge, na quinta-feira. A previsão é que o reparo seja concluído em até 20 dias.
Fonte: Folha de São Paulo
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