Favela em viaduto interditado permanece sob risco de incêndios em SP

21 de janeiro de 2013

Moradores que tiveram seus barracos queimados no incêndio de 17.09.2012 não estão recebendo salário aluguel e continuam morando em área de risco sob o viaduto Orlando Gurgel. Foto: Luiz Carlos Murauskas/Folhapress

por André Monteiro, de São Paulo

Três meses após o incêndio que destruiu 80 barracos na favela do Moinho, no centro de São Paulo, a situação de risco continua a mesma. Parte dos 300 desabrigados recebem auxílio-aluguel, mas outra parte não conseguiu o benefício e montou barracos ao lado da área incendiada em setembro.

É o caso de José Roberto Adão, 34. Pai solteiro, montou um barraco onde mora com os filhos Isac, 2, e Kaio, 3. “Não tenho pra onde ir. E está difícil conseguir trabalhar, a creche onde os meninos ficavam foi fechada.”

A favela foi palco da campanha eleitoral do ano passado. Fernando Haddad (PT) exibiu imagens de conversas com moradores após o incêndio, e foi criticado pelos adversários, acusado de “faturar a desgraça alheia”. Uma pessoa morreu no incêndio.

Em dezembro de 2011, a favela já havia queimado em outro grande incêndio. Depois dele, equipes do Previn (plano contra incêndios em favelas) foram até o local.

“Instalaram um hidrante e dez pessoas fizeram curso de bombeiro. Mas até hoje não temos a chave do hidrante e ainda falta a mangueira, roupas especiais e extintores”, diz o líder comunitário Humberto Rocha. “De que adianta ter brigada e hidrante se não dá pra usar?”, questiona.

Segundo Rocha, a gestão Gilberto Kassab (PSD) cadastrou moradores e prometeu entregar imóveis, mas até agora eles não sabem quando poderão se mudar. Mais de mil pessoas vivem na favela. Enquanto aguardam, o risco de incêndios permanece.

Além dos novos barracos, feitos de madeira e outros materiais inflamáveis, como plástico, a Folha encontrou possíveis causadores de incêndios. Fogareiros e ligações elétricas irregulares são comuns nos barracos.

Outro problema é que parte do viaduto é usado na construção de carros alegóricos da escola de samba Camisa Verde e Branco. Em 2012, um incêndio no barracão da escola Mocidade Alegre, embaixo do viaduto Pompeia, fechou a via por seis meses.

No ano passado, foram mais de 30 incêndios em favelas da capital paulista.

OBRA

Segundo moradores e comerciantes, as obras de recuperação do viaduto Orlando Murgel, que teve a estrutura abalada pelo incêndio, estão em ritmo lento. Se trata de importante ligação da zona norte ao centro da cidade.

Metade da via foi interditada. O tráfego está sendo direcionado para as três faixas que permanecem abertas.

O trânsito já congestionado no local ficou ainda pior com a abertura de uma cratera na av. Rudge, na quinta-feira. A previsão é que o reparo seja concluído em até 20 dias.

 

Fonte: Folha de São Paulo

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