Com medo de despejo, famílias invadem sede do Incra em SP

15 de janeiro de 2013

por MARÍLIA ROCHA, DE CAMPINAS

Ameaçadas de despejo de um assentamento regularizado há sete anos, cerca de 70 famílias invadiram a sede do Incra em São Paulo na manhã desta terça-feira (15) e impedem a entrada de funcionários no local.

Ainda nesta manhã, representantes do Assentamento Milton Santos, entre Americana e Cosmópolis (interior de SP), foram informados de que um oficial de Justiça irá ao local para entregar a notificação de ordem de despejo que, a partir do recebimento, dá um prazo de 15 dias para saída das famílias.

O Incra também já foi notificado sobre a medida.

Os integrantes do assentamento e também apoiadores do movimento chegaram ao prédio do Incra durante a madrugada e exigem que a presidente Dilma Rousseff assine um decreto de desapropriação por interesse social, para encerrar disputas pela propriedade da área.

As famílias, que vivem e produzem no local há sete anos, dizem que estão determinadas a não deixar suas casas e temem que haja confronto com a polícia.

“Sofremos essa ameaça há mais de seis meses, e o governo está ciente da situação há muito tempo, mas nada foi feito”, disse o assentado Paulo Albuquerque.

“Representantes do governo federal já se comprometeram a não despejar as famílias, entretanto a morosidade para se tomar uma atitude faz com que tenhamos que tomar alguma providência.”

A área onde está instalado o assentamento era de propriedade do grupo Abdalla, mas na década de 70 foi tomada para o pagamento de dívidas com a União. O imóvel está registrado em nome do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) que, em 2005, cedeu a terra ao Incra para o assentamento.

Uma ação da Justiça reconheceu um excesso na cobrança da União sobre o grupo e determinou devolução de bens confiscados acima do devido. Em outra ação do Incra contra a Usina Ester, que ocupava a área antes das famílias do assentamento, a Justiça Federal entendeu que o imóvel foi readquirido pelo grupo Abdalla, o que gerou a determinação de retirada das famílias.

O Incra não ainda se pronunciou sobre a invasão que ocorreu nesta manhã.

Em nota anterior, a assessoria do órgão disse que “continua trabalhando para solucionar o caso” e que aguarda para os próximos dias uma decisão sobre outra ação do INSS que busca demonstrar que a área não está incluída na relação de imóveis que teriam de ter sido devolvidos ao grupo Abdalla.

 

Fonte: Folha de São Paulo

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