Despejos devem ser acompanhados de medidas sociais para evitar suicídios

19 de novembro de 2012

O psiquiatra Ricardo Gusmão alerta que ter casa é fundamental para a felicidade e recomenda que os eventuais despejos resultantes da nova lei das rendas sejam acompanhados de medidas sociais para evitar situações de suicídio como aconteceu em Espanha.

Em declarações à Lusa, a propósito de recentes notícias sobre casos de suicídio em Espanha durante ações de despejo, o especialista em depressão salienta que estes “atos auto-agressivos” podem ser potenciados pelo contexto, mas não acontecem sem que exista já um quadro de doença mental.

“Uma coisa é certa: a necessidade de abrigo é primordial e sem a satisfação desta necessidade não é possível ser feliz”, afirma, acrescentando que um despejo não só é uma situação crítica, por deixar qualquer pessoa fragilizada a nível pessoal, familiar, social e emocional, como é uma “situação muito delicada”, por privar o indivíduo do seu abrigo.

Por isso, não descarta a possibilidade de se virem a verificar episódios semelhantes ao que se tem passado em Espanha, “se a implementação da legislação não for acompanhada de medidas sociais de contingência e bom senso e se a comunicação social não fizer um embargo noticioso a este tipo de situações”.

O coordenador português da Aliança Europeia Contra a Depressão lembra que os fenómenos de imitação acontecem em grande parte pela disseminação de notícias sobre o assunto nos media e sublinha que este conhecimento “é científico” e não “uma mera opinião”.

Ou seja, há um potencial nexo causal entre um despejo e uma crise na vida de um indivíduo ou então um acumular de stress numa pessoa já doente, mas não há nexo causal direto entre o despejo e o suicídio, explicou.

 

Fonte: DN Portugal

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