Moradores da Vila Clara, em Cotia (SP), são ameaçados de despejo

28 de novembro de 2012

Cerca de 400 famílias podem perder suas casas caso a Justiça cumpra o pedido de reintegração de posse e despejo em uma área ocupada na Vila Clara, próximo à Estrada da Roselândia.

O local começou a ser ocupado há mais de 20 anos, mas só em 2009 os donos do terreno entraram com pedido de reintegração de posse. Hoje, residem no local mais de duas mil pessoas, que no final do mês passado foram citadas por um oficial de justiça da reintegração de posse.

A partir deste momento aumentou o drama das famílias, correr contra o relógio para encontrar uma solução. “Nós construímos nossas vidas na Vila Clara, é nosso direito ficar”, diz Lidiana Pizon, uma das líderes do movimento. “Queremos encontrar uma saída negociada, mas se for preciso vamos unir todas as nossas forças, inclusive para a Raposo”, anuncia outra moradora.

O bairro é formado na maior parte por uma área particular, o outro pedaço é terreno da Prefeitura. Agora, o proprietário da região onde mora a maioria das famílias pediu a devolução do terreno e a demolição das casas.

Os moradores tem se reunido com frequência. No último domingo realizaram uma assembleia e decidiram ir até a Câmara Municipal em busca de apoio dos vereadores.  Em uma dessas reuniões, o único vereador que compareceu foi o petista Toninho Kalunga.

Porta na cara

No final da manhã da última segunda-feira (26) um grupo de moradores lotou a Câmara de Cotia na esperança de comover os vereadores. Em vão. A maioria dos vereadores não compareceu ao plenário, não houve quórum e por isso a sessão foi cancelada. Os manifestantes não aceitaram a atitude dos vereadores e permaneceram onde estavam, revoltados. “Antes das eleições eles foram ao nosso bairro pedir apoio, alguns ofereceram cestas básicas e até dinheiro pra votar neles”, denunciou um jovem morador, e continuou: “Mas é sempre assim, quando precisamos deles é isso aí que vimos agora, nos dão as costas”.

“Onde já se viu uma sessão demorar menos de dois minutos; o tempo entre o anúncio da abertura da sessão, a verificação de presença e o anúncio de fim da sessão; será que fugiram da gente?”, indagava outra moradora sem entender bem o que estava acontecendo, no momento que passava rapidamente por trás da mesa diretora, o presidente da Câmara, Arildo Gomes, já sem terno e gravata, usando camisa e calça jeans, com o paletó pendurado no dedo e combinando almoço com outro vereador.

Enquanto isso, o assessor de imprensa Ivan Ferreira, se preocupava em dar uma resposta que confortasse os moradores.

Ao perceber a movimentação, o vereador Sérgio Folha, que havia permanecido no plenário, recebeu a comissão de representantes e assumiu o compromisso de levar as reivindicações ao prefeito Carlão Camargo ainda nesta semana.

Os moradores pedem a desapropriação da área e, consequentemente, a regularização das casas.  Eles, no entanto, não se opõem em cumprir o mandado judicial de reintegração de posse, desde que a Prefeitura dê uma solução para a situação, como a construção de moradias populares.

O vereador Sérgio Folha prometeu levar uma resposta concreta da prefeitura no próximo domingo, em nova assembleia dos moradores que será realizada no bairro.

Nossa reportagem já havia entrado em contato com a Secretaria de Habitação há dez dias, pedindo informação sobre este caso, mas até o momento não recebeu retorno.

 

Fonte: Cotia todo dia

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