Famílias indígenas são despejadas de casa na Zona Norte de Manaus

16 de outubro de 2012

Oficial de Justiça foi ao local acompanhado de PMs e um trator de demolição.
Proprietário permitiu que famílias fiquem no terreno desde que paguem.

por Tiago Melo, do G1 AM

Quatro famílias indígenas foram despejadas de uma residência localizada na Zona Norte. Foto: Tiago Melo/G1-AM

Quatro famílias indígenas foram despejadas de uma residência no terreno Vale Sinais, localizado no bairro Manoa, Zona Norte de Manaus, na manhã desta terça-feira (16). Residindo há cerca de sete anos no local, os moradores receberam a ordem de despejo no dia 17 de setembro deste ano.

Para concretizar a ação, um oficial de Justiça foi enviado ao local, por volta das 10h, acompanhado de duas viaturas com policiais militares armados, além de um trator, que faria a demolição da casa. Alderir Francisco da Silva, de 36 anos, um dos 20 moradores do local, disse que foi ameaçado de ir para a prisão caso resistisse ao despejo.

“O oficial de justiça chegou aqui e junto com os policiais militares nos colocaram para fora da casa, bem como nossos pertences. Eles até trouxeram um trator para derrubar a residência, mas nós corremos para dentro e dissemos que só iriamos sair de lá mortos. Então eles desistiram de demolir”, contou.

O dono do terreno, que preferiu não se identificar, afirmou que quando soube da invasão no local há cerca de cinco anos, tomou as providências necessárias. “A Justiça é lenta. Durante todos esses anos meu pedido de reintegração de posse esteve em tramitação e somente no mês passado foi aceito”, relatou.

Ainda de acordo com o proprietário, a decisão foi tomada porque o responsável pela invasão teria agido de ‘má fé’. “O rapaz que invadiu meu terreno disse que nada o faria sair de lá, então recorri à Justiça. Mas quando cheguei hoje no local para fazer o despejo, vi que o invasor não se encontrava mais, e que outras famílias haviam se instalado no local. Provavelmente ele vendeu o terreno para os atuais moradores”, explicou.

Segundo Alderir da Silva, após o despejo os moradores sentaram com o proprietário do local para discutir uma possível solução. “Após muita conversa, decidiu-se que amanhã iremos ao cartório para definir o preço do terreno que pagaremos, e como será feito este pagamento. Quando terminarmos de pagar, o local será nosso”, afirmou.

“Só espero que cumpram com a palavra deles. Mas pude ver que são pessoas de bem, honestas, trabalhadoras, e que realmente precisam do lugar para morar”, completou o proprietário.

 

Fonte: G1

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