17 de agosto de 2012
Moradores querem impedir a remoção de 450 famílias do local, que fica junto ao futuro Parque Olímpico do Rio
Representantes dos moradores da comunidade da Vila Autódromo, que fica junto ao local onde será construído o futuro Parque Olímpico dos Jogos do Rio, entregaram ontem ao prefeito Eduardo Paes, um projeto urbanístico para a manutenção da favela e que impediria a remoção das 450 famílias que lá moram. A questão da destruição da Vila, localizada em área nobre da zona oeste, é a questão mais delicada do projeto olímpico carioca. O cronograma atrasado da construção do Parque preocupa o Comitê Olímpico Internacional (COI).
O projeto, batizado Plano Popular da Vila Autódromo, foi desenhado por professores e alunos de arquitetura, sociologia e assistência social das Universidade Federal Fluminense (UFF) e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e visa o saneamento e uma pequena urbanização da comunidade, além de prometer solucionar violações ambientais que existem atualmente na região.
Paes recebeu 10 dos representantes, mas não se comprometeu com a urbanização da favela. O prefeito, que concorre à reeleição, alegou que este é um momento eleitoral complicado e teme que qualquer medida seja utilizada para fins políticos.
“Essas pessoas moram lá há 40 anos. Não existe incompatibilidade entre o Parque Olímpico e a Vila Autódromo”, disse Regina Bienenstein, professora da UFF e coordenadora do projeto.
“Trata-se de uma comunidade pacífica. Não existem motivos sociais, de segurança ou ambientais que justifiquem a remoção”, frisou a arquiteta.
Em entrevista ao Estado na semana passada, Paes reforçou que mantém a posição de retirar os moradores do local para um condomínio a poucos quilômetros de distância. Disse, porém, que a remoção não vai se iniciar enquanto as novas moradias não estiverem prontas.
Os moradores rejeitam tal proposição. “A prefeitura tenta retirar a gente de lá há 20 anos. Mas continuamos a resistir”, disse a artesã Jane do Nascimento Oliveira, de 57 anos. “Nosso projeto prevê até que a prefeitura regularize as moradias e o comércio, que nós pagaremos os impostos”, disse Jane.
Outro argumento favorável apontado pelos idealizadores do projeto é o custo. Segundo os números do Comitê Popular da Copa e Olimpíada do Rio de Janeiro, a urbanização da comunidade custaria R$ 13,5 milhões, bem abaixo dos R$ 38 milhões previstos para o reassentamento total dos moradores.
Fonte: O Estado de São Paulo
Para saber mais sobre o projeto, clique aqui.
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