Justiça francesa ordena desmantelamento de acampamentos ciganos

09 de agosto de 2012

Dois acampamentos irregulares de ciganos nos arredores da cidade francesa Lille foram desmantelados na manhã desta quinta-feira. Esta foi a segunda fez em uma semana que moradias ciganas são desfeitas por decisões judiciais, em um tema que suscita polêmica no país.

Nesta manhã, as instalações em Hellemmes e Villeneuve d’Ascq, formadas por traillers e cabanas improvisadas, foram dispersas. A ação contou com cerca de 150 policiais e aconteceu sem incidentes. Pelo menos 300 pessoas moravam nos locais.

Na segunda-feira, outro acampamento na periferia de Lyon havia sido fechado, com 150 habitantes. As associações de defesa dos direitos humanos e dos ciganos protestam contra as decisões judiciais. “É inconcebível que joguem as pessoas na rua sem dizer para onde elas podem ir. Esperávamos mais do presidente Hollande”, disse Roseline Tiset, da Liga dos Direitos Humanos.

Tiset lembra que, durante a campanha presidencial, François Hollande havia prometido, por escrito, que “quando um acampamento insalubre é desmantelado, soluções alternativas serão propostas”.

“Não acredito que isso esteja acontecendo”, disse Yann Lafolie, presidente do Ateliê Solidário, uma das associações do Coletivo Roms, de proteção dos ciganos. “Estes acampamentos eram laboratórios para encontrar soluções. Essas evacuações demonstram a determinação do poder público em destruir o trabalho das associações beneficentes.”

A prefeitura de Lille argumentou que os problemas de segurança e de superlotação dos acampamentos foram a motivação para a ação judicial. Os terrenos ocupados ilegalmente pertencem ao governo municipal e ao Estado francês.

Também nesta quinta-feira, um avião fretado pelo governo francês levou de volta à Romênia 240 ciganos, entre eles diversas crianças. Esta prática se iniciou em 2007, sob o governo do ex-presidente Nicolas Sarkozy. Cada adulto recebeu 300 euros e cada criança, 100 euros, por aceitar deixar a França

As associações humanitárias denunciam “expulsões disfarçadas” do novo governo socialista, em desacordo com os princípios do Conselho da Europa, que condenou a França em 2011 por promover esta política.

 

Fonte: RFI Brasil

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