Em Angola, moradores do bairro Sangano estão livres do despejo

17 de julho de 2012

O coordenador adjunto do bairro Sangano, no Cabo Ledo, município da Quiçama, província de Luanda, Isaac Benjamin assegurou, terça-feira, 10, a O PAÍS que a sua população já está livre das tentativas de despejo, que nos últimos quatro anos preocupavam os residentes.

O referido bairro localiza-se na zona costeira da capital de Angola, a mais de 15 quilómetros da Barra do Kwanza, tendo começado a ser habitado em 1992 por pescadores e familiares, maioritariamente provenientes das regiões do Porto Amboim e Sumbe, província do Kwanza Sul, de acordo com o segundo homem da área, que apontou a pesca e a venda do pescado como actividades principais dos residentes, embora tenha reconhecido que, aos poucos, o turismo se vai impondo nessa localidade.

Aliás, para muitos habitantes ouvidos por esta reportagem, a construção de instalações turísticas, no bairro, estava na base da cobiça do habitat dos pescadores, uma situação que Isaac Benjamin preferiu minimizar dizendo que “os empresários são livres de solicitar espaços desocupados ao Estado, para investirem naquilo que pretendem, desde que não interfiram de forma negativa na vida dos habitantes”.

Reparou ainda que notavam com frequência a chegada de empresários ao bairro com “autorização superior” para construírem hospedarias, bares, restaurantes e outras estruturas do género, movimentações que não procuravam travar enquanto residentes.
Por causa dessas e outras intervenções estruturais, o bairro apresenta, hoje, um cartão postal com uma divisão clara: do lado direito, construções consideradas luxuosas, erguidas com materiais definitivos, e do lado esquerdo, casas modestas dos moradores, construídas muitas delas a partir de chapas de zinco, pau e barro.

Segundo o responsável comunitário, as tentativas de despejo vinham mais da parte da administração municipal da Quiçama, quando esta repartição pertencia ao Governo da Província do Bengo, mas desde o ano passado, em que se anexou a região à província de Luanda, a situação começou a revelar alguma acalmia.

“O problema está ultrapassado, por isso a população pode estar tranquila”, declarou Isaac Benjamin, que não deixou de fazer alusão à intervenção dos serviços de fiscalização, que, muito recentemente, levaram a cabo uma empreitada de embargo de obras no local. A operação dos fiscais tinha trazido de volta o desassossego da população, mas à comissão de moradores foi dada a missão de comunicar às famílias residentes que se tratava apenas de um reordenamento do bairro.

Sacudida que está a pressão, o coordenador adjunto reconhece que o bairro está accrescer devagar, por isso faz apelo a quem quiser integrar a comunidade de Sangano para se dirigir à coordenação local e solicitar um espaço, que lhe será cedido na hora e a custo zero.

Questionado sobre um indicador estatístico da população que ele e seus homólogos coordenam actualmente, Isaac Benjamin disse que os habitantes estão agora perto de mil e 500, mas até ao ano 2002, as famílias não passavam de 30.

Segundo apurou O PAÍS da mesma fonte, os populares viviam inicialmente perto da praia, mas o Governo autorizou-os a subir para próximo da estrada, devido à falta de segurança, já que quando o mar avançasse, as casas ficavam submersas, o que constituía um grande risco de vida.

O segundo homem do Sangano referiu que o espaço a beira-mar ficou única e simplesmente para actividade turística. O bairro regista mais gente ao princípio e final de semana, dias em que pessoas vindas de outros municípios de Luanda decidem explorar as paisagens da costa local.

 

Fonte: O País

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