(Português) Fórum pede punição a “máfia do despejo” e diz que área era zona de prostituição

(Português) 13 de julho de 2012

O Fórum de Direitos Humanos e da Terra Mato Grosso pediu a imediata punição dos responsáveis pelo despejo violento realizado quinta-feuira, 12,  no bairro Humaitá, na periferia de Cuiabá. Pelo menos 15 pessoas ficaram feridas no despejo, entre elas três crianças. O Fórum pede ainda a apuração da suspeita de que esteja se formando na capital uma espécie de máfia, especializada em despejar famílias, que teria a participação de policiais militares.

A área, antes da ocupação das famílias, era local de prostituição, tráfico de drogas e esconderijo de produtos roubados e furtados. A  comunidade alega que não teve tempo de retirar seus bens; o trator passou por cima de tudo, derrubando as casas e destruindo os pertences das pessoas, desde brinquedos das crianças a eletrodomésticos. A juíza Vandymara Galvão emitiu a ordem de despejo na última segunda-feira, 9.

“Vamos acompanhar o desfecho desse caso de perto”, avisa o sociólogo Inácio Werner, da coordenação do Fórum. Segundo ele, quem ficou mais ferido foi um rapaz que foi atingido com um cartucho de spray na cabeça. “Também deram um tiro que acertou de lado nele, por isso ele está com muita dificuldade para caminhar: acertaram o braço dele. Ele estava no local do conflito, quando tentou proteger uma senhora, de quase 70 anos, que estava no chão e a polícia foi para cima dele”.

Werner informou que uma menina de 10 anos levou um tiro de bala de borracha no rosto, e um menino que levou pancada na perna. Disse também que havia uma criança pequena de colo que levou spray no rosto. “Tem um senhor que está com a marca de duas botas no peito, porque ele estava caído no chão e mesmo assim foi pisado por um policial” – disse, ao relatar a violência.

Ainda na quinta-feira,  no final da tarde, Werner, junto com o advogado Paulo Lemos, ouvidor da Defensoria Pública do Estado de Mato Grosso, e o ouvidor da Polícia, Teobaldo Witter, ambos também integrantes do Fórum de Direitos Humanos, foram à Casa Civil cobrar uma postura do Governo do Estado.

“Até o final da tarde, essas famílias não tinham para onde ir e nem tinham comido nada ainda, inclusive as crianças feridas. Um pastor cedeu alojamento em uma igreja evangélica e o Governo, que reconheceu publicamente o excesso da Polícia Militar, levou comida e colchões para as famílias”, conta ainda o sociólogo.

Segundo ele, algumas das vítimas foram hospitalizadas, após o conflito, mas já receberam alta. Depois da violência, as vítimas foram denunciar o caso na Assembleia Legislativa de Mato Grosso.

Conforme o Fórum de Direitos Humanos, o caso é cheio de ilegalidades e omissões, uma delas é o fato da juíza não tem informado sobre o despejo ao Comitê de Conflitos Agrários, ligado à Casa Civil, cujo objetivo é justamente evitar derramamento de sangue nessas situações. A Polícia Militar, que deveria fazer o mesmo, também não fez.

 

Fonte: 24 horas news

Leia sobre o afastamento do comandante do batalhão que realizou o despejo aqui.

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