(Português) Em Roraima, famílias temem despejo de área no Alvorada

(Português) 29 de junho de 2012

Cerca de 20 famílias que residem em duas quadras no bairro Alvorada há mais de dez anos temem ser despejadas de suas casas. A posse da área ocupada é questionada na Justiça. No mês de janeiro uma decisão favorável à reintegração de posse foi concedida, mas um recurso suspendeu os efeitos.

Conforme os moradores, há cerca de cinco anos um homem que se diz dono da área ingressou com a ação de manutenção de posse. O caso tramita na 5ª Vara Cível. Alguns dos moradores chegaram a receber ordem de despejo, mas o recurso ainda estaria garantindo a permanência das famílias na área.

Uma das moradoras é a dona de casa Maria Nilma. Ela reside no local há mais de 13 anos e informou ter comprado o terreno de terceiros. Alguns receberam o recibo de compra e venda. Outros não possuem nenhum documento que comprove a transação, mas todos os ocupantes afirmam que não invadiram o imóvel.

“Ninguém invadiu aqui não. Lutamos para comprar o terreno e depois para construir nossas casas, que de início eram de madeira. O homem que se diz dono daqui viu a gente construindo uma vida nesse local, dando nosso suor em busca de dar um lar confortável para nossas famílias e só depois veio questionar, se dizer dono”, disse a dona de casa.

A área sub judice abrange uma quadra e mais uma parte de outra quadra do bairro Alvorada. Existem casas que apenas uma parte do terreno está dentro da extensão de terra que é questionada a posse, mas os donos também foram inclusos como réus no processo de reintegração de posse.

O clima entre os moradores é de apreensão. Muitos não têm para onde ir e se desesperam ao pensar que correm o risco de terem que deixar o investimento de uma vida para trás. “Aqui são todos pais de família que residem. Sinto-me péssima com essa situação. Uma pessoa como eu que, apesar das dificuldades em viver com um salário mínimo, conseguiu construir uma casa e agora com o risco de perder tudo”, comentou Maria Nilma, com lágrimas nos olhos.

Um acordo com o homem que seria dono da área chegou a ser sugerido pelos moradores, mas a proposta não teria sido aceita. “Para ele é mais fácil colocar o pessoal na rua do que tentar um acordo. Tem gente que não sabe nem o que vai fazer se for despejado. Não tem para onde ir”, destacou o filho de uma das moradoras que não quis ser identificado.

As famílias criticam o fato de não terem sido ouvidas antes de a Justiça ter proferido a sentença. Para eles, faltou o direito a ampla defesa. “A justiça decretou que temos que sair, e o que é pior sem indenização, com uma mão na frente e outra atrás. Minha família, na época, pagou mil reais pelo terreno. Tem a casa que foi construída e corremos o risco de sair sem direito de nada”, disse o rapaz.

As famílias são assistidas pela Defensoria Pública do Estado. Devido ao horário e por estar de férias, a defensora que acompanha o caso não pôde dar mais detalhes.

 

Fonte: Folha de Boa Vista

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