Relatora Especial visita Fortaleza para discutir impactos das obras para a Copa do Mundo

Em junho de 2012, a Relatora Especial fez uma visita de trabalho a Fortaleza, Brasil, a respeito de remoções e outras violações do direito à moradia relacionadas aos megaeventos esportivos. Fortaleza será uma das cidades-sede da Copa do Mundo de Futebol de 2014.

A Relatora Raquel Rolnik visitou as comunidades que serão impactadas pelas obras de mobilidade e por outras construções relativas à Copa. Ela também se encontrou com representantes do Estado, do Município e de movimentos da sociedade civil organizada na Câmara dos Vereadores da cidade.

Leia abaixo uma notícia do jornal Correio do Brasil sobre a visita.

 

16 de junho de 2012

Relatora da ONU para Moradia, Raquel Rolnik, visita Fortaleza para discutir impactos das obras para a Copa do Mundo

Enquanto uma parte da cidade parece vibrar com os jogos de futebol da Copa do Mundo de 2014 em Fortaleza; outra parcela da população anda bem temerosa, receosa sobre o futuro, temendo, por exemplo, a remoção de suas moradas e diversas outras violações de direitos com as grandes obras e megaeventos prometidos pelos gestores públicos. Em visita à Fortaleza, a relatora da Organização das Nações Unidas (ONU) para a Moradia, Raquel Rolnik, poderá monitorar, de perto, os possíveis impactos negativos junto às comunidades com a efetivação do já prometido Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT), a reforma do Castelão, a construção do Acquário do Ceará, Aldeia da Praia e demais ações que se utilizarão, principalmente, de exorbitantes recursos públicos. A programação da relatora internacional tem início na sexta-feira (15) e segue até o sábado.

Dia 15

Para a sexta-feira, a agenda de Raquel Rolnik se inicia, pela manhã, com diversas visitas às comunidades que podem ser atingidas pelo VLT e outras grandes obras. Às 7h, a relatora internacional terá encontro com moradores do Bairro da Boa Vista, seguindo para o bairro José Walter, na ocupação da Comuna às 8h, chegando às 9h30min no Montese e às 10h50min na comunidade Aldaci Barbosa.

A relatora da ONU, Raquel Rolnik, participará, juntamente com a presença de autoridades do Estado, Município e diversos movimentos sociais e moradores, de Audiência Pública na Câmara Municipal de Fortaleza, às 14h30min da sexta-feira, dia 15. Para fechar o dia, um grande debate, às 19h da sexta-feira, acontecerá no auditório da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará (UFC) com a temática ‘Copa que ninguém vê: os megaeventos e as violações de direitos humanos’.

Dia 16

A visita às comunidades continua no sábado, dia 16, com monitoramento em diversos outros bairros de Fortaleza. Às 7h30min, a comitiva, com a presença da relatora Raquel Rolnik, chega ao Paço da Draga, às 8h30min o grupo segue para o bairro do Serviluz, às 9h30min os integrantes marcam presença na comunidade Jangadeiro às 10h20min, na comunidade João XXIII e às 11h30min na Trilha do Senhor. O evento se encerra com uma grande assembléia para avaliação do encontro e repasse de relatos e experiências às 14h na Trilha do Senhor.

Remoções

Para os movimentos sociais e os moradores dos bairros atingidos, a visita da relatora Raquel Rolnik é momento de grande importância para revelar a real situação das comunidades ameaçadas de remoção pelos megaeventos em Fortaleza, denunciar as violações de direitos, cobrar respostas do Poder Público Estadual e Municipal, bem como poder visibilizar as diversas resistências existentes, de dezenas de moradores, movimentos, articulações e entidades envolvidas.

A preparação para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 tem motivado a realização de vultuosos investimentos em obras de infraestrutura e projetos de renovação e reestruturação urbanas das cidades-sede. O Rio de Janeiro, por exemplo, cidade que sediará ambos os megaeventos, já possui vários desses projetos em andamento. A requalificação urbana de algumas regiões da cidade somada à pressão para cumprir parâmetros nunca publicizados pelos comitês organizadores, tem demandado a remoção de milhares de famílias de baixa renda e até de classe média, promovendo segregação e expulsando-as para regiões periféricas da cidade.

 

Fonte: Correio do Brasil

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