Famílias retiradas de área irregular ocupam prédio da Prefeitura do Recife

23 de maio de 2012

Ao todo, havia 47 barracos sobre um dos lados do Túnel Augusto Lucena.
Prefeitura diz que não vai haver assistência, pois ocupação não é consolidada.

Famílias que viviam em 47 barracos instalados em cima do Túnel Augusto Lucena, no bairro de Boa Viagem, Zona Sul do Recife, tiveram que sair de suas casas na manhã desta quarta-feira (23). A operação de retirada foi em conjunto entre a Diretoria de Controle Urbano (Dircon), da prefeitura, e o Batalhão da Polícia Militar de Pernambuco. De acordo com os moradores, 150 famílias viviam no local.

A área ocupada irregularmente fica na Avenida Desembargador José Neves, na descida do Viaduto Tancredo Neves. A Prefeitura informou que todos os barracos, construídos em áreas de risco, serão destruídos. A ação começou no início da manhã, o que revoltou alguns moradores. “Qualquer ação desse tipo, que começa por volta das 3 horas da manhã, quando policiais invadem as casas, o Corpo de Bombeiros, com as crianças ficando desesperadas, já é desumana. Não houve qualquer notificação, mandado, ordem judicial ou notificação prévia”, informou Carla Guareschi, advogada das famílias.

De acordo com a Prefeitura, nenhum morador da área irregular vai receber moradia ou aluguel social, pois a ocupação não é considerada “consolidada”, pois existe há menos de um ano. “Não houve mandado ou notificação prévia porque não era consolidada. Estamos monitorando a ocupação desde novembro, dizendo que não podia se construir ali. Essa área não é edificante, coloca até as famílias em risco”, contou Maria José de Biase, secretária de Controle, Desenvolvimento Urbano e Obras.

A Prefeitura informou ainda que 27 barracos estariam desocupados e outros 12 estariam sendo alugados por um homem, já identificado. “Essa é uma ocupação especulativa. Tem uma pessoa que já identificamos que estava construindo boa parte dos barracos e repassando. Vamos encaminhar provas para a polícia para se tomar as medidas”, disse Maria José de Biase. Algumas famílias que moravam na comunidade também são apontadas como já ganhadoras de benefícios da prefeitura ou de outras indenizações.

Os moradores acompanharam a derrubada dos barracos durante a manhã. “Não há qualquer política de assistência social. As pessoas estão sentadas aqui sem ter para onde ir. Uma família não escolheria vir morar num lugar como esse se tivesse outro lugar para morar”, disse a advogada Carla Guareschi. A Secretaria informou que um galpão foi oferecido para que as pessoas possam guardar os móveis temporariamente.

De acordo com a Prefeitura, os 47 barracos destruídos ficavam de um dos lados do túnel; não foi informado quando os moradores que ocupam o outro lado terão que deixar as casas.

 

Fonte: G1

Leia mais sobre o despejo no site do Ministério Público de Pernambuco e sobre a ocupação da Câmara no Blog de Jamildo.

Ouça também reportagem da Rádio Jornal Pernambuco.

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