(Português) Moradores da Ocupação Mauá tentam evitar reintegração de posse (SP)

(Português) 15 de maio de 2012

por Mario Henrique de Oliveira, do SpressoSP

Cerca de 1,3 mil pessoas residem no prédio desde 2007, antes o imóvel estava abandonado

Ocupação Mauá. Foto: Aline Scarso.

Os moradores da ocupação da Rua Mauá, no centro de São Paulo, se reuniram na manhã desta segunda-feira, 15, com representantes da Polícia Militar e do Ministério Público para discutir como seria cumprida a liminar de reintegração de posse que já foi expedida. De acordo com a advogada dos moradores, Rosângela Rivelli Cardoso, o principal foco da reunião era impedir o uso de força na reintegração e mostrar que a liminar é “uma ameaça ao Estado de direito”.

Segundo ela, a liminar é ilegal porque desconsidera o tempo transcorrido entre a data da ocupação do prédio (março de 2007) até o momento da decisão que concedeu a liminar (março de 2012). “O poder judiciário está violando uma lei para beneficiar aqueles que possuem dinheiro”, disse ela.

Na reunião, a PM ficou de informar ao juiz que não há como cumprir o mandado no tempo estimado (29/05), pois ainda necessita de muitas informações e requisitos para cumprir a ação, tal como quantidade de pessoas, para onde levar todos e quantos caminhões seriam necessários para os trabalhos. Foi estabelecido um prazo até o dia 16/07, quando uma nova reunião será realizada para decidir o que fazer. O juiz da 26ª Vara Cível do Foro Central, Carlos Eduardo Borges Fantacine, que concedeu a liminar pode acatar ou não o pedido da PM.

As reclamações por parte do movimento são mais extensas. “De acordo com a lei brasileira, após cinco anos de ocupação poderíamos entrar com pedido de usucapião. O proprietário do imóvel, no entanto, esperou quatro anos, 11 meses e 25 dias para entrar com o pedido de reintegração e o juiz ressuscitou uma ação de 2005 para acatá-la”, afirmou Rosângela.

Esta é a segunda vez que o imóvel é ocupado, a primeira vez foi em 2003. Segundo a advogada, naquele ano os donos entraram com o pedido dentro do prazo, os moradores saíram, e o prédio foi reintegrado, com o processo sendo encerrado em 2005. “Ele está se usando desse processo para justificar a liminar de agora. E se esquece também que quando o prédio foi reintegrado voltou a ficar abandonado. Os moradores já provaram que nele há uma função social. Eles revitalizaram a área”, indaga.

Os movimentos de luta por moradia contrataram o arquiteto Waldir Cesar Ribeiro para realizar um estudo da viabilidade de transformação da ocupação em um projeto de habitação social. O estudo conclui que a Ocupação Mauá é passível de enquadramento nos programas destinados à produção de habitação de interesse social para a população de baixa renda. O estudo foi encaminhado à CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) e à Caixa Econômica Federal. As duas instituições analisaram, o que resultou na inclusão da Ocupação Mauá nos programas habitacionais do governo do Estado de São Paulo e do governo federal. Tanto o CDHU quanto a Caixa se comprometeram a trabalhar em parceria para viabilizar a solução proposta pelos próprios moradores, por meio do programa Minha Casa, Minha Vida – Entidades.

Para os moradores, a reintegração iria prejudicar todo esforço já realizado até agora. Eles ressaltam também a presença de cerca de 180 crianças que estudam na região e poderiam perder o ano letivo, além dos idosos e deficientes que moram no local.

Serão realizadas duas passeatas nesta semana. A primeira acontecerá na quarta-feira, 16, às 13 horas em frente ao Ministério Público. A segunda será um cortejo, na quinta-feira,17, a partir das 13 horas. Eles passarão pelo Fórum João Mendes e pelos prédios do Tribunal de Justiça.

 

Fonte: Brasil de Fato

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