03 de maio de 2012
Área no João Paulo 2º que deverá ser desocupada: pás carregadeiras colocarão abaixo os barracos. Foto: Rubens Cardia.
Um força-tarefa acompanhará a reintegração de posse de um terreno no bairro João Paulo 2º, zona norte de Rio Preto, onde 28 pessoas ocupam nove barracos há seis meses, hoje pela amanhã. A CDHU, dona da área, terá apoio da Polícia Militar, duas ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), representantes do Ministério Público, da Defensoria Pública, além de membros das secretarias de Habitação e Assistência Social. A presença do Samu e da PM foi uma exigência da Justiça, que deu parecer favorável à retomada do terreno.
A limpeza do lugar será feita por duas pás carregadeiras da Secretaria de Serviços Gerais, encarregadas de colocar abaixo os barracos. Um caminhão de mudança será responsável por levar os pertences dos moradores para um depósito da CDHU em São Paulo. O processo de reintegração de posse teve início em janeiro, mas um acordo realizado entre a CDHU, Prefeitura, MP e Defensoria Pública prorrogou o prazo da desocupação, que estava marcada para acontecer no final de fevereiro, por mais 30 dias. O objetivo da prorrogação foi dar mais tempo para que as famílias conseguissem novo local para se abrigar antes do despejo.
Abrigo
Além do prazo, o promotor da 4ª Vara Cível de Rio Preto, Sérgio Clementino, pediu que a Prefeitura providenciasse um abrigo para os moradores. Diante da exigência, foi firmado um convênio entre a Prefeitura e a Fundação Rio-Pretense de Assistência Social (Fras), no valor de R$ 10,2 mil por mês. O local tem capacidade para acolher 12 pessoas em uma casa com três quartos, banheiro, sala, cozinha, camas, fogão, geladeira e armários. Porém, apenas duas famílias (quatro pessoas) se mudaram.
Ana Paula Gouveia, ex-moradora da área invadida, foi a primeira a se mudar para a Fras. Segundo ela, a solução encontrada pela Prefeitura foi satisfatória, mas não é definitiva. “Agora quero ver se as coisas melhoram para encontramos um lar para minha família”, afirmou. A mulher e o filho do ajudante de pedreiro Washington Aynes, que também foi para a casa de passagem, achou o prazo de dois meses de duração do convênio – que garantirá abrigo provisório ao grupo -, curto.
“Na situação em que eu estou atualmente não vejo como vou conseguir alugar uma casa. O local aqui é ótimo, mas não é meu”, afirmou o ex-morador, que continua na área invadida. “Apenas minha esposa e meu filho estão na Fras. Eu preciso ficar aqui por causa dos meus móveis. Não tenho pra onde levar”.
O pedreiro Antonio Carlos Carvalho, 45 anos, decidiu continuar na área invadida. Ele explicou que não tem para onde levar seus móveis e, por isso, não aceitou se mudar para a Fras. “Como eu vou deixar minhas coisas aqui? Vamos ver até quando eu consigo ficar, depois veremos o que vamos fazer”, afirmou. Maria Cristina Albano e o marido, Claudio Luiz, além de não aceitarem se mudar para o local encontrado pela Prefeitura aumentaram o barraco.
“Antes eu tinha apenas uma tenda aqui, agora consegui umas madeiras e resolvi ampliar a minha casa. Vou ficar aqui até quando der. Se me tirarem vou para as casinhas ao lado”, afirmou a moradora se referindo às casas da CDHU ali próximo, cujas obras estão paralisadas porque a construtora responsável faliu. A mulher e o marido dizem se sustentar com o dinheiro da coleta de materiais recicláveis.
Segundo o gerente regional da CDHU, Olímpio Cardoso de Moraes Neto, foram dadas todas as oportunidades para que os moradores deixassem o local, mas alguns ainda não saíram. “Não temos mais como prorrogar essa situação, já demos prazo e cumprimos todas as exigências, agora precisamos do terreno para construir outras moradias”, afirma.
Nova construção
No terreno invadido pelas famílias serão construídos 92 apartamentos. “Acredito que esses apartamentos beneficiarão cerca de 500 pessoas”, diz Moraes Neto. A licitação deve ser aberta nos próximos meses e a expectativa da companhia é que as obras se iniciem no segundo semestre deste ano.
Fonte: Diário Web
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