No DF, famílias sem-teto do “Novo Pinheirinho” montam resistência contra despejo

02 de maio de 2012

Novo Pinheirinho DF. Foto enviada por e-mail.

Um grupo aproximado de 900 famílias ligadas ao MTST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), acampadas em um terreno da estatal Terracap (Companhia Imobiliária de Brasília) em Ceilândia (DF), decidiu que irá resistir e enfrentar a polícia, caso a reintegração de posse, autorizada pela Justiça na sexta-feira (27), seja cumprida. A área foi ocupada pelas famílias em 21 de abril.

A ocupação recebeu o nome de “Novo Pinheirinho”, em homenagem à comunidade do Pinheirinho, em São José dos Campos (SP), despejada em janeiro deste ano. A exemplo dos moradores da ocupação paulista, os sem-teto acampados em Ceilândia cercaram o terreno com barricadas e tiraram fotos empunhando paus e facões. Alguns posaram com capacetes e com os rostos cobertos por panos.

O risco de despejo é iminente, e nós vamos mesmo resistir”, afirma Guilherme Boulos, coordenador do MTST. Segundo ele, o prazo para cumprir a reintegração termina no final desta semana. “As negociações com o governo de Agnelo [Queiroz] têm sido muito ruins. Eles não estão dispostos a dialogar”, diz o ativista.

O governo do DF (GDF), por meio de nota, disse que abriu diálogo com o movimento para cadastrar as famílias nos programas Morar Bem, do GDF, e Minha Casa, Minha Vida, do governo federal, medida que teria sido aceita pelo MTST, segundo o GDF. “Depois o grupo apresentou nova reivindicação de permanecer na área até que as famílias recebam suas casas”, afirma o texto.

Auxílio aluguel

De acordo com Boulos, as famílias ocuparam o local porque o GDF deixou de pagar auxílio-aluguel a famílias retiradas em 2010 e 2011 de outras ocupações de áreas públicas. “O governo cedeu 400 auxílios aluguel, mas cortaram o benefício depois de dois meses. Isso forçou as famílias a ocupar o terreno da Terracap.”

A assessoria do GDF disse que os acordos de desocupação previam pagamento de auxílio-aluguel durante os dois meses apenas. O órgão afirma ainda que das “300 famílias retiradas de outra ocupação do MTST, apenas oito se enquadravam nos critérios do programa Morar Bem e já foram contempladas.”

Em nota, o MTST diz que o governo de Agnelo, que é do PT, “parece anunciar a versão petista do massacre do Pinheirinho, feito pelo governo do PSDB”. “Se não recuar, o governo do DF transformará os questionamentos do PT ao despejo no Pinheirinho em retórica vazia”, diz o texto.

Questionado pela reportagem, o GDF não confirmou, nem negou que a reintegração será cumprida nos próximos dias.

 

Fonte: UOL Notícias

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