Sem-terra resistem a despejo

27 de abril de 2012

por Severino Carvalho

Agricultores acampados há oito anos na Fazenda Feliz Deserto ganharam prazo de 60 dias para desocupar o imóvel situado na zona rural de Joaquim Gomes. Mais de 300 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) se mobilizaram na manhã de ontem dispostos a resistir ao mandado de reintegração de posse expedido pelo juiz federal Rubens Canuto. Eles chegaram a erguer barricadas, mas o despejo acabou suspenso graças a uma intervenção do ouvidor agrário nacional, desembargador Gercino da Silva Filho.

“Há quatro dias estamos negociando uma solução menos conflituosa, menos traumática para aquelas famílias acampadas. Nesses 60 dias, vamos negociar diretamente com o proprietário por meio do 433 (decreto que trata da compra e venda de imóveis rurais para fins de reforma agrária)”, disse o ouvidor agrário regional do Incra em Alagoas, Marcos Bezerra.

LENTIDÃO

A Fazenda Feliz Deserto é remanescente do complexo Agrisa-Peixe. O imóvel com mais de 400 hectares pertence ao industrial Nivaldo Jatobá. O processo de desapropriação, porém, se arrasta desde 2005 e segundo o coordenador estadual do MST, José Roberto da Silva, encontra-se concluído à espera apenas da assinatura da presidente da República, Dilma Rousseff.

“O problema é que a presidente travou o processo de reforma agrária em Alagoas. A tendência, então, é o conflito porque ninguém está disposto a deixar uma terra onde já está vivendo há oito anos, com energia elétrica instalada e uma grande produção agrícola e criação de animais”, afirmou José Roberto. Em Feliz Deserto, vivem 50 famílias, porém o MST conseguiu mobilizar ontem mais de 300 agricultores que ergueram barricadas com intuito de resistir à ordem de despejo que seria efetuada pela Polícia Federal (PF) e o Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar (PM).

A Justiça deve emitir em breve mandados de reintegração de posse para outras duas áreas ocupadas pelo MST em Joaquim Gomes: Boa Escolha e Pé de Serra, também remanescentes do Complexo Agrisa-Peixe e que estão com os processos de desapropriação travados. O clima é de apreensão.

 

Fonte: Gazeta de Alagoas

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *