Chacareiro quer impedir despejo (SP)

20 de abril de 2012

PROBLEMA: Itaquareia já sinalizou a área de sua propriedade e denuncia invasão recente de famílias. Foto de Edson Martins.

Um grupo ligado à Associação dos Moradores e Agricultores da Chácara Santo Ângelo, além de famílias e agricultores da área conhecida como região dos chacareiros, em Jundiapeba, promete realizar hoje, às 14h30, uma manifestação em frente ao Fórum de Braz Cubas, durante as audiências de justificação de prévia. Segundo o advogado da Associação, Carlos Alberto Zambotto, o objetivo é conseguir agendar uma reunião com o juiz responsável pela análise das ações de despejo contra os residentes, movidas pela mineradora Itaquareia.

Para Zambotto, a indústria de extração de minério retomou uma ação de reintegração de posse contra os chacareiros. “O protesto também servirá para que o grupo chame a atenção das autoridades sobre o caso”, diz. De acordo com o advogado, houve uma reunião emergencial e já foram enviados ofícios à Prefeitura, Ouvidoria Nacional Agrária, Ministério público, além de outros órgãos para pedir providências urgentes, “mas até o momento não fomos atendidos”.

A Itaquareia, por meio de seu advogado, Nilson Franco, alega que as famílias indiciadas residem em áreas irregulares e não pertencem à listagem da Prefeitura de Mogi e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). “São invasões novas, que ocorreram há menos de um ano”, ressaltou Franco.

Já estão marcadas mais de 10 audiências com cerca de 10 famílias por vez. “A Associação e os próprios chacareiros não querem a retirada destas pessoas, que trabalham na agricultura local. Queremos entender o que a Itaquareia pretende fazer com a terra, já que não pode utilizar por se tratar de uma área de preservação ambiental”, questiona Zambotto.

Fábio Moreira, sua mulher Débora Ferreira e os dois filhos moram na Avenida Japão, na altura do número 130, e foram indiciados a prestarem depoimento no Fórum de Braz Cubas na tarde de hoje. Segundo Moreira, que é motorista de ônibus, ele e sua família estão no local há mais de 4 anos e pretendem ficar. “Não temos para onde ir. Compramos este terreno, construímos e vamos ficar, nem que tenhamos que lutar por isso”, disse.

De acordo com o advogado da Itaquareia, se a juíza autorizar a retirada das famílias, a indústria estudará cada caso individualmente. “Existem pessoas em situações críticas e devemos resolver isso da melhor maneira possível. O único jeito de acabar com este impasse é regulamentar a área, mas o processo ainda está em Brasília (DF)”, comenta.

No caso de ordem de despejo, a possibilidade de um confusão entre a Polícia e os chacareiros é grande, segundo Zambotto. “Eles não vão sair de lá. Os chacareiros decidiram desistir da retirada das famílias. Há também o temor de um conflito iminente”, finalizou.

 

Fonte: O Diário de Mogi

 

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