Trabalhadores sem teto ocupam obras da Copa 2014 em protesto contra despejos

05 de abril de 2012

Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e do Movimento Popular Resistência Urbana organizaram um protesto contra as obras da Copa do Mundo de 2014, no fim da manhã desta quarta-feira (4), nos canteiros de obras do Estádio do Corínthians, em São Paulo,  e do Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília.

Foto: Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), fazem manifestação em frente a portária do canteiro de obras do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha (Marcello Casal Jr.ABr)

As manifestações, que duraram 40 minutos e transcorreram de forma pacífica, fazem parte de um protesto nacional que mobilizou manifestantes em mais nove cidades do país que vão receber jogos da Copa. Os sem-teto ocuparam o canteiro de obras do Itaquerão por uma entrada lateral e, segundo um dos coordenadores do protesto, Guilherme Boulos, a intenção era paralisar momentaneamente os trabalhos dos operários como forma de chamar a atenção para as famílias que moram no entorno das obras e que estão sendo despejadas para que os projetos sejam entregues.

Além do risco de despejo, o MTST quer chamar a atenção para a valorização dos imóveis, que está inviabilizando a renovação de contratos de aluguel de quem vive nessas regiões. “Há um processo de expulsão dos moradores em todas as cidades. No entorno das obras, o preço do aluguel tem dobrado de valor. No caso de São Paulo, muitos estão sendo obrigados a buscas alternativas de locação em municípios vizinhos da capital paulista”, disse Boulos.

O protesto também foi contra o uso de dinheiro público nos empreendimentos relativos à Copa, em detrimento dos investimentos para habitação popular. De acordo com o MTST, cerca de 800 pessoas participaram da ocupação do estádio, mas, para a Polícia Militar, o número de manifestantes não passou de 300.

Segundo informou a Odebrecht, a manifestação não atrapalhou o andamento dos trabalhos. O estádio está sendo erguido por 1.670 operários e deve ser concluído no prazo acordado com o governo de São Paulo e com  a Federação Internacional de Futebol (Fifa), em dezembro de 2013. A empreiteira informou também que 32% das obras previstas foram feitas até agora.

Panfletagem no Maracanã

A Campanha Nacional Contra os Crimes da Copa do Mundo, organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e pelo Movimento Popular Resistência Urbana, promoveu uma panfletagem, nesta quarta-feira (4), na entrada do canteiro de obras do Estádio do Maracanã. As obras de reforma do estádio, que vai receber o jogo final da competição, contam com o trabalho de 3 mil operários.

O protesto teve como objetivo denunciar os impactos que as obras da Copa provocam nas comunidades vizinhas, como ações de despejo e especulação imobiliária. Além do Rio de Janeiro, os protestos ocorreram em São Paulo, Manaus, Brasília, Belo Horizonte, Cuiabá, Fortaleza, e Curitiba, todas cidades-sede de jogos da Copa. Também houve protestos em São Luiz e Belém, que não estão na lista das cidades que vão receber jogos da competição.

De acordo com o Robson Oliveira, de 42 anos, que integra a organização nacional da campanha, o Comitê Popular da Copa, que reune movimentos sociais nas cidades-sedes, preparou um relatório denunciando que cerca de 900 mil famílias serão despejadas por causa das obras de mobilidade urbana e de construção de estádios. Ele ressaltou que, somente na capital fluminense, aproximadamente 55 mil famílias terão que deixar as casas onde moram atualmente. “Aqui no Rio, a comunidade do Metrô Mangueira, ao lado do Maracanã, vai ser despejada”.

A Secretaria Municipal de Habitação informou que o reassentamento das comunidades ocorre em função das obras públicas já programadas, e não por causa dos grandes eventos esportivos previstos para a cidade, como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. De acordo com a secretaria, a comunidade Metrô Mangueira está localizada na região programada para receber intervenções. “As famílias foram avisadas sobre o reassentamento. Não há remoção forçada e ninguém será enxotado de lugar nenhum”, assegurou a secretaria, por meio de nota.

Fonte: Minas Livre

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