Francisca de Pinho Melo, de 44 anos, vivia numa simples, mas espaçosa residência erguida sobre a marcenaria do marido. Moradora do Recreio dos Bandeirantes, no Rio de Janeiro, descobriu em julho de 2010 que a sua casa estava no caminho da Transoeste, um corredor de ônibus de alto desempenho, projetado para ligar o Aeroporto do Galeão à Barra da Tijuca, uma das principais obras de mobilidade prometida para a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016. “Tentamos negociar, mas não teve jeito. Em dezembro, demoliram tudo. Recebi 11 mil reais de indenização, o que não dá sequer para erguer um barraco. Perdemos o lar e o sustento”, lamenta, momentos antes de cair num choro renitente. “Agora, toda a minha família está desempregada. Não sei como pagar a faculdade da minha filha e ainda temos de gastar 250 reais no aluguel de um casebre apertado, caindo aos pedaços.”