A comerciante Maria Ivanosca Almeida, 42, já sabe que, em breve, o bar que é sustento da família será derrubado. Por causa do alargamento da avenida Alberto Craveiro, que passará a ter quatro faixas em cada sentido, para a Copa do Mundo de 2014, o negócio de Ivanosca deve ter fim. Com isso, a comerciante está conformada. O valor oferecido pela desapropriação, porém, não agradou. “R$ 20 mil não são nada para 20 anos lutando para construir. Precisava do dobro pra refazer”, diz.
Assim como Ivanosca, muitos comerciantes e moradores da avenida estão insatisfeitos com as indenizações propostas pela Prefeitura. Muitos já tiveram o imóvel medido e o valor a ser pago calculado. E, segundo os próprios moradores, a insatisfação é geral. “Ofereceram uma mixaria. Caso não tenha acordo, vamos entrar na Justiça”, afirma Francisco Alexandre de Souza, 53, dono de um restaurante. “Que desapropriem, eu concordo, só quero que seja justo”, destaca Carlos Roberto do Nascimento, 48, proprietário de uma pizzaria.
Em nota, a assessoria de comunicação da Coordenadoria de Projetos Especiais e Relações Institucionais e Internacionais (Cooperii), responsável pelas obras para a Copa em Fortaleza, informa que os valores pagos são calculados com base na norma 14.653 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). O documento versa sobre as regras para avaliação de um imóvel.
De acordo com o órgão, R$ 12 milhões devem ser gastos com indenizações e desapropriações na Alberto Craveiro. A nota ressalta que “a Prefeitura está acessível para negociar todas as possibilidades de entendimento com a população”. A obra na Alberto Craveiro e nas avenidas Dedé Brasil, Raul Barbosa e Paulino Rocha deve começar até setembro e ser entregue até dezembro de 2012.
Comunidade do Trilho
A população da avenida Almirante Henrique Sabóia, a Via Expressa, também está vivendo as incertezas do processo de desapropriação. O motorista José Tauvani de Souza Holanda, 40, diz temer a informação de que, em breve, as casas que viu nascer serão retiradas para dar lugar às novas pistas da avenida e ao Veículo Leve sobre Trilhos ( VLT). “O medo é a Prefeitura chegar ali como chegou do outro lado (da avenida) e negociar a nossa casa como se fosse um quilo de arroz”, diz.
“Nosso objetivo é ficar e que a região seja reordenada. Queremos reurbanização sem remoção”, defende a confeiteira Rita de Cássia Laurindo Sales, 39.
Segundo o diretor de Desenvolvimento e Tecnologia do Metrofor, Edilson Aragão, que está acompanhando o cadastro dos moradores, cerca de 1.700 das estimadas 2.700 casas da comunidade já foram cadastradas. O Governo do Estado é o responsável pela implantação do VLT. A Prefeitura fará melhorias na avenida. Como nem todos os moradores colaboram com a pesquisa, a conclusão está atrasada. A área do imóvel e a situação das famílias que moram ali são analisadas. “A partir desses dados vamos fazer negociação com a comunidade”, diz. Em muitos pontos da avenida, nem todas as casas serão removidas. Edilson cita que o Ministério Público Federal está acompanhando o processo.
Fonte: O Povo Online
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