(Português) 01 de julho de 2013
Pela equipe do programa Reviravolta
POR QUE A RUA?
O censo da população em situação de rua de São Paulo de 2011 (FESPSP) constatou que 14.438 pessoas sobrevivem nessa realidade. O aumento da população (em 2000, eram 8.706 pessoas) na cidade com a economia mais forte na América Latina impõe a pergunta: por quê?
A pessoa acaba na rua por uma combinação de fatores externos e internos. Tirar uma pessoa da rua não resolve todas as questões que a levam para lá. É fundamental reconhecer que não existe só um motivo. Veja abaixo alguns dos fatores:
Estruturais: pobreza, ausência de moradia digna, despejos, desigualdade em acesso à educação e saúde, sistema prisional, inexistência de trabalho para idosos ou perfil de baixa escolaridade, violência (do Estado).
Biopsíquicos: transtornos mentais, dependência química, alcoolismo, desnutrição.
Sociais: rompimento de vínculos afetivos (família, companheiros etc), violência (dos familiares).
Ambientais: enchente e incêndio.
A conclusão a que se chega é que, sem vínculos familiares, educação e tratamento de saúde de qualidade, qualquer um poderia acabar na rua.
PRECONCEITO
Preconceito é “opinião ou ideia preconcebida sobre algo ou alguém, sem conhecimento ou reflexão.” Enxergar a pessoa em situação de rua como drogado, mendigo, preguiçoso ou como um perigo – sem entender quem ela é ou por que ela está na rua – é preconceito.
Isso é normal. Preconceito faz parte da condição humana.
O que não pode acontecer é usar o medo, a frustração ou a raiva que o preconceito gera para violar os direitos das pessoas em situação de rua. Políticas públicas nunca devem refletir os preconceitos da sociedade – ao contrário, devem superar e transformá-los.
Como superar o preconceito, algo intrínseco a todas às pessoas? É preciso buscar entender o que está por trás da imagem de um preconceito. Tentar conhecer minimamente uma realidade complexa como a das pessoas que estão em situação de rua em São Paulo e no mundo inteiro.
É necessário combatê-lo, e a educação é a melhor forma para isso.
DIREITOS
A Constituição já garante uma variedade de direitos sociais em seu artigo 6º, inclusive moradia, trabalho e saúde. O que se precisa agora é que esses direitos sejam de fato efetivados. Veja abaixo algumas sugestões de medidas dentro de cada área.
Moradia: Pessoas têm o direito de estar na rua, mas isso não é ideal nem para ela nem para a sociedade. Centros de Acolhidas não são uma resposta adequada. Há um programa hoje em São Paulo chamado Parceria Social que prevê a complementação do aluguel mensal e que não está sendo aplicado. É preciso exigir a sua aplicação.
Trabalho: A saída da rua é impossível sem renda. Se setores públicos e privados oferecerem oportunidade de trabalho a estas pessoas e apoio para que elas se mantenham empregadas, elas terão maiores possibilidades de deixar a rua.
Saúde: A questão de álcool e droga é uma realidade nas ruas de São Paulo. É necessário cobrar a ampliação da rede de atendimento à população (CAPS AD 24 horas, CAPS Saúde Mental, consultorias na rua)
PROGRAMA REVIRAVOLTA DE PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA
O Programa Reviravolta é um núcleo de inserção social e produtiva, conveniado à Prefeitura e à Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Assistência Social, que atua com pessoas em situação de rua do Centro de São Paulo. Seu objetivo é contribuir para que a população em situação de rua que busca inserção social organize a vida pessoal e tenha acesso a políticas públicas para dar uma reviravolta em suas vidas.
O programa desenvolve discussões sobre cidadania, direitos, convivência e trabalho em grupo. Realiza o atendimento social e proporciona geração de renda aos participantes por meio do trabalho com material reciclável.
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