Opinião

Muito além da Lei da Copa: derrame de dinheiro público

Segundo levantamento da Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa (ANCOP) há, em todo o Brasil, 170 mil pessoas ameaçadas de remoção forçada por causa das obras ligadas à Copa de 2014 e às Olimpíadas de 2016: megaviolação de direitos. O cálculo tomou por base os projetos divulgados pelos próprios governos, nem sempre claros.
O Poder Público garante que os reassentamentos estão sendo feitos dentro dos limites da lei, mas não divulga relação completa de todas as comunidades ameaçadas de remoção.

Lei Geral da Copa: um equívoco político e jurídico. Entrevista especial com Guilherme Varella e Thiago Hoshino

“A Lei Geral da Copa, ao constituir, entre outras coisas, direitos de patente e de exclusividade comercial à Fifa, viabiliza a reserva, o monopólio de mercados que, juntos, representam parte significativa de seus lucros”, constatam os entrevistados.

As implicações sociais da Copa do Mundo. Entrevista com Roberto Morales

Os megaeventos e megaempreendimentos que estão em curso no Brasil “têm uma raiz mais profunda, quer dizer, tem a ver com o modelo de desenvolvimento econômico predador que reina no Brasil e, especialmente, no Rio de Janeiro”, afirma o integrante do Comitê Popular da Copa.

Copa 2014 África do Sul 2010: legado no bolso da FIFA e seus parceiros

Os sul-africanos acreditaram nas promessas de mais emprego, turistas e investimentos bilionários que viriam com a Copa. Mas, segundo Eddie Cottle, autor do livro “Copa do Mundo da África do Sul: um legado para quem?”, nada disso se materializou. Estariam os brasileiros caindo na mesma armadilha? Alexandre Praça É só mencionar a palavra Fifa, que o sangue sobe […]

Remoções no Rio são marcadas pela truculência

O engenheiro Eliomar Coelho é vereador pelo PSOL no Rio de Janeiro.
Ele tentou abrir uma CPI para investigar as remoções que precedem as obras da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 201Fracassou, quando vereadores voltaram atrás e retiraram assinaturas.
Eliomar diz que os moradores não são necessariamente contra os megaeventos, apenas querem ser tratados com respeito e receber o que lhes é devido.

“Pau e Circo: Copa, Olimpíadas, Movimentos Sociais e Cidade”

Confira o artigo escrito por Guilherme Marques Soninho (IPPUR/UFRJ), o qual apresenta um panorama dos impactos que megaeventos esportivos geram nas cidades-sede da Copa e das Olimpíadas no Brasil.

O texto traz alguns efeitos já observados na cidade do Rio de Janeiro e os desafios que isso coloca à sociedade. A exepriência dos movimentos de resistência do Pan 2007 é relembrada e aponta o caminho da mobilização e da ação de muitas organizações de outras cidades-sede da Copa 2014.

Moradores de favela vivem ciclo de despejo como política pública

São Paulo, quarta-feira, 27 de outubro de 2010

MARIANA FIX

ESPECIAL PARA A FOLHA

O Brasil é conhecido no exterior por sua experiência em urbanização de favelas e por ter uma legislação considerada progressista no campo do direito à cidade. Diversos municípios têm se dedicado, no entanto, a desenvolver uma tecnologia de “remoção” de favelas contrária aos direitos sociais. Em São Paulo, a prática foi institucionalizada por Jânio Quadros (1985-88) com o nome de “desfavelização” e teve na gestão Maluf (1993-96) um dos seus casos mais emblemáticos: a expulsão de mais de 50 mil pessoas para a abertura da avenida Jornalista Roberto Marinho.

Moradia, um direito muito humano

Dora Martins*

(8’37” / 2 Mb) – O poeta Dorival Caymmi compôs, em 1959 uma bela canção, que em seus dois primeiros versos retrata o princípio da igualdade e destaca a triste desigualdade que impera em nosso país, desde sempre, ao que parece. A canção é a conhecida “Eu não tenho onde morar”. E diz, logo no ínício, assim “ eu nasci pequenininho, como todo mundo nasceu/ todo mundo mora direito, quem mora torto sou eu”. E Caymmi como sensível observador de seu povo, talvez soubesse que sua constatação encontraria eco, por tão longo tempo, na vida de tantos brasileiros.

*Integrante da Associação Juízes para a Democracia.

O Judiciário e a Justiça Histórica, por Boaventura de Sousa Santos

Uma inflexão na jurisprudência do STF de respeito ao pluralismo e aos direitos humanos pode implicar o regresso do Estado patrimonialista, o acirramento da discriminação anti-negros e a conflagração de novos conflitos fundiários, num país com histórica concentração de terras em poucas mãos.

Boaventura de Sousa Santos

Os últimos oito anos tiveram um significado especial na história do Brasil: o país assumiu finalmente a sua estatura mundial e passou a atuar em função dela. Isto teve um impacto significativo tanto no plano internacional como no plano interno. No plano internacional, o país passou a pensar e a agir por si, com um sábio equilíbrio entre o imperativo de não criar rupturas no sistema mundial e regional e a determinação em explorar ao máximo a margem de manobra deixada pelas continuidades. O big brother do Norte foi simultaneamente respeitado e deixado à distância (as teses mangabeirianas permaneceram, felizmente, muito minoritárias).

“Delicadeza”, artigo de Maria Rita Khel

Se eu fosse Deus e se eu existisse, executaria em São Paulo uma prosaica providência administrativa. Tombaria a cidade inteira pelos próximos dez anos: como está, fica. Não se derruba mais nada, não se constrói mais nada. Tratem de melhorar a cidade que já existe: monstruosa, desigual, mal planejada e mal cuidada. Se é para movimentar dinheiro, invistam-se nos espaços públicos: ruas, praças, jardins, calçadas, iluminação, centros de lazer, prevenção contra enchentes – tudo o que faz, de um amontoado de moradias, algo parecido com a magnífica invenção humana chamada cidade. Investir em urbanidade também dá retorno financeiro.